A imensa maioria das pessoas sabe que Jesus sintetizou
na prática do amor todos os deveres dos homens.
Ele afirmou que no amor a Deus e ao próximo estão conti-das todas as Leis
Divinas.
Assim, quem se afirma cristão, para ser coerente com sua fé, necessita amar a Deus e ao próximo.
Relativamente ao amor ao próximo, há um complicador, pois ele simboliza o conjunto das criaturas humanas.
Não se trata apenas da namorada, do irmão ou do amigo querido, mas
de todo ser humano, incluindo os inimigos.
Mesmo os corruptos e os criminosos estão incluídos no con-ceito de
próximo, de semelhante.
Surge então a dúvida: não é possível distinguir entre pesso-as queridas
e completamente desconhecidas?
Para cumprir a Lei de amor é necessário sentir carinho por quem rouba meu carro ou me machuca?
No âmbito da legislação humana, sabe-se que uma lei não pode impor deveres
muito artificiais.
Se uma determinação for muito difícil de ser cumprida, nunca será eficaz.
Por exemplo, um limite de velocidade de 5 km por
hora ja-mais será
respeitado.
Esse limite é muito artificial e impossível de ser cumprido.
Não importa a sanção que se aplique, as pessoas o burlarão tanto quanto possível.
Certamente Deus não é menos sábio do que o legislador hu-mano.
A amizade é uma questão de afinidade de almas, somente possível entre iguais.
O afeto costuma originar-se de similitude de valores e de gostos.
Não é possível gostar do mesmo modo de um amigo e de um cruel criminoso.
Então, amar, no contexto das Leis Divinas, não implica ne-cessariamente sentir afeto e externar ternura.
Em relação a desconhecidos ou desafetos, o amor é princi-palmente
uma questão de atitude, de respeito.
O cumprimento da lei de amor pressupõe que o homem se coloque
mentalmente no lugar do próximo.
E imagine como gostaria de ser tratado, se estivesse no lugar dele.
Identificado esse desejo, ele deve agir desse modo.
Amar o próximo é tratá-lo como eu gostaria de ser tratado se fosse
ele.
Como sempre quero o melhor para mim, tenho o dever de dar ao próximo o melhor tratamento possível.
Talvez eu ainda não consiga gostar dele.
Mas sempre devo tratá-lo com correção e generosidade.
Trata-se do amor como uma atitude.
Não é necessário ser santo para amar os inimigos e os mal-feitores.
Basta ter o firme propósito de viver como cristão.
O amor é uma proposta de vida, um compromisso com a própria consciência.
No fundo é algo simples e com profundo potencial transfor-mador da
sociedade.
Se cada homem adotar o hábito de imaginar-se no lugar do outro antes
de agir ou falar, certamente o padrão de relacionamen-to humano melhorará
muito.
Não importa se o próximo é mesquinho, viciado ou corru-pto.
Não se trata de gostar ou não, mas de agir corretamente.
Isso não implica um viver irreal, no qual não se tome cuida-do com os
indivíduos perigosos.
É preciso ser manso como as pombas e prudente como
as serpentes,
conforme o dizer de Jesus.
É necessário perceber o mal onde ele existe, para viabilizar a defesa.
Mas não valorizar o mal na pessoa do próximo e nem
des-prezá-lo por
suas falhas.
Ajudá-lo a recuperar-se, sempre tendo em mente o próprio desejo de
auxílio, caso o corrupto ou o viciado fosse eu.
Pense nisso.