Meu irmão e eu chegávamos sempre em casa
com muita fome, ao regressar da
escola.
Um dia, como eu pedisse de comer, minha mãe pôs-nos diante
de meio
bolo, na
mesa da cozinha.
Colocando uma faca ao lado do bolo, disse:
- Um de vocês vai cortar o bolo, mas o outro vai poder esco-lher, em
primeiro lugar, o seu pedaço.
Meu irmão, querendo fazer-se de esperto, deitou logo mão da
faca
e
ia, evidentemente, cortar o bolo em dois pedaços desiguais.
Mas, de repente, parou. Olhando primeiramente para nossa mãe e, depois, para
mim, cortou o bolo exatamente no meio.
E esperou que eu me servisse.
Qualquer pedaço que eu escolhesse daria
no mesmo: nenhum de nós sairia prejudicado.
E comemos, alegremente, as porções idênticas.
Desde então, fosse o que fosse que houvesse a repartir -
pão com
manteiga, doces, pastéis, bolos ou balas -, tudo era
sempre dividi-do conscienciosamente em
partes iguais.
Isso nos ensinou um respeito, que nunca conheceu arrefecimento, para
com os direitos daqueles com quem tínhamos que
comparti-lhar alguma coisa.
Da obra "E, Para o Resto da Vida...",
Wallace Leal V. Rodrigues, ed. O Clarim.
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