Lâmpadas e inteligências

Recebida em 29/03/2011


As lâmpadas servem para iluminar. Para isso, são dotadas de po-tências de iluminação diferentes.

Há lâmpadas de 60 watts, de 100 watts, de 150 watts... Esse nú-mero em watts diz o poder de iluminação da lâmpada.

Também as inteligências servem para iluminar.

Nos gibis, o desenhista, para dizer que um personagem teve uma boa ideia, desenha uma lâmpada acesa sobre a sua cabeça.

As inteligências, à semelhança das lâmpadas, também têm potên-cias de iluminação diferentes.

Os homens inventaram testes para medir a “wattagem” das inteli-gências.

Ao poder de iluminação das inteligências deram o nome de “QI”, coeficiente de inteligência.

As inteligências não são iguais. Pessoas a quem os testes inventa-dos pelos homens atribuíram um QI 200, têm um poder muito gran-de para iluminar.

Alguns, para se gabar, chegam a mostrar sua carteirinha, dizendo que sua inteligência tem uma “wattagem” alta.

Mas, nós não olhamos para as lâmpadas. As lâmpadas não são para serem vistas. As lâmpadas valem pelas cenas que iluminam e não pelo brilho.

Olhar diretamente para a lâmpada ofusca a visão.

Há inteligências de “wattagem” 200 que só iluminam esgotos e ce-mitérios. E há inteligências modestas, como se fossem nada mais do que a chama de uma vela, que iluminam sorrisos.

Uma lâmpada não tem vontade própria. Ela ilumina o objeto que o seu dono escolhe para ser iluminado.

A inteligência, como as lâmpadas, não tem vontade própria. Ela ilumina os objetos que o coração do seu dono determina que sejam iluminados.

A inteligência de quem ama dinheiro ilumina dinheiro, a inteligên-cia dos criminosos ilumina o crime, a inteligência dos artistas ilu-mina a beleza.

A inteligência é mandada. Só lhe compete obedecer.

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As considerações luminosas de Rubem Alves nos fazem pensar um pouco a respeito de como estamos utilizando este grande instru-mento que temos - a inteligência.

O que temos iluminado com ela? O que temos feito desta grande habilidade da qual dispomos?

Allan Kardec deixa claro que a inteligência nem sempre é penhor de moralidade, e o homem mais inteligente pode fazer um uso per-nicioso das suas faculdades.

Assim, ter uma inteligência avantajada não significa ser um homem de bem, não significa ser uma alma evoluída.

É necessário que essa inteligência esteja sendo canalizada para o bem, para a civilização e aperfeiçoamento da Humanidade.

A mesma inteligência que desenvolve uma arma química pode de-senvolver vacinas e remédios.

A mesma inteligência que manipula as leis e as pessoas em benefí-cio próprio, pode ser a inteligência que auxilia, que defende os fra-cos e oprimidos.

A mesma inteligência das estratégias criminosas de usurpação do dinheiro público pode ser utilizada na reconstrução de cidades, na restituição da dignidade de povos abandonados por interesses ma-terialistas.

Basta que a lâmpada ilumine o que deve iluminar, basta que faça-mos escolhas acertadas e demos ordens corretas à nossa inteligên-cia.

A inteligência, como as lâmpadas, não tem vontade própria. Ela ilumina os objetos que o coração do seu dono determina que sejam iluminados.

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Redação do Momento Espírita com base no texto
Variações sobre a inteligência, do livro
O sapo que queria ser príncipe, de Rubem Alves, ed. Planeta.

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Redação do Momento Espírita
www.reflexao.com.br

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