O Mundo por vezes parece grandemente injusto.
Honestos pais de família não encontram emprego.
Políticos corruptos safam-se das consequências de seus
atos equivoca-dos.
Pessoas dignas levam vidas sofridas e morrem com pouca
idade.
Homens cruéis e levianos vivem na abastança e por
longo tempo.
As aparentes injustiças do Mundo são incompreensíveis
sob o prisma de uma única existência.
Sem um histórico anterior de erros e acertos, o que
justificaria as do-enças congênitas, as mortes em tenra idade?
A existência de Deus é incompatível com o acaso e a
injustiça regen-do a vida das criaturas.
É própria à ideia de Deus a posse de todas as virtudes
em grau máxi-mo.
Caso contrário, a Divindade poderia ser superada, em
algum aspecto, por outro ser.
Então esse ser é que seria supremo.
Deus é sumamente bondoso, sábio e poderoso.
O Espiritismo fornece a chave que permite
compatibilizar as aparen-tes incoerências do Mundo com a amorosa tutela do
Criador.
Trata-se da reencarnação ou pluralidade das
existências.
Todos os Espíritos são anjos em potencial.
Mas incumbe a cada um desenvolver os próprios dons.
O processo da evolução espiritual é vasto e se realiza
em diversos mundos e mediante inúmeras encarnações.
Quando um Espírito atinge o máximo do desenvolvimento
que um pla-neta comporta, ele passa a outro.
A Terra ainda é um mundo pouco evoluído.
Isso se percebe pelos numerosos vícios que ainda são
mantidos por seus habitantes.
O egoísmo ainda é uma constante na imensa maioria das
pessoas.
As condições materiais do planeta guardam relação com
o nível evo-lutivo dos Espíritos aqui radicados.
Como estes ainda encontram satisfação com coisas
grosseiras, a exis-tência terrena é bastante materializada.
À medida que os Espíritos se sublimarem e
desenvolverem gosto por questões transcendentes, o viver humano se
suavizará.
Mas a realidade é que os Espíritos atualmente
vinculados à Terra são imperfeitos.
Em maior ou menor grau, precisam burilar o próprio
caráter e amea-lhar virtudes.
Também necessitam domar vícios desenvolvidos em outras
existên-cias e quitar velhas dívidas.
Desse quadro não fazem parte as almas missionárias,
que por amor aceitam viver entre nós algum tempo.
Contudo, o relevante é que a existência humana não é
um passeio ou um piquenique.
Todos os que nascem na Terra vêm com o propósito de se
reajusta-rem perante a própria consciência e evoluírem.
Isso explica as dificuldades e as aparentes
incoerências do viver.
Pessoas boas que sofrem resignadamente são Espíritos
seguindo o pro-grama de reabilitação que traçaram no plano espiritual.
São semelhantes a devedores que fazem economia a fim
de saldar suas dívidas.
Submetem-se a um regime severo para conseguir uma
rápida liber-tação.
Em breve, serão candidatos a existências sublimes em
mundos mais evoluídos.
Por outro lado, quem ainda se permite fazer o mal,
deve ser lamen-tado.
Com seu agir equivocado, forja algemas que o prenderão
a inúmeras situações dolorosas e constrangedoras.
Nesse contexto, não causa surpresa que homens cruéis
tenham vida longa.
A existência que se estende para tais seres reflete a
misericórdia Di-vina.
Falhos de compreensão, necessitam de tempo para
perceber a pró-pria realidade.
Ao final, cada ser dá conta de suas construções à
própria consciência.
Qualquer injustiça ou incoerência é apenas aparente.
Em todo lugar, a justiça Divina vigora em Sua
plenitude.
Pense nisso.