Apelos comunitários

Recebi em 26/09/2010


Você se considera um bom membro da comunidade em que vive?

Talvez, sem um exame mais detido, muitos de nós respondêssemos que sim, que desempenhamos bem o papel que nos cabe.

Todavia, os fatos denunciam que grande parte dos cidadãos não cola-bora de forma satisfatória na sociedade da qual faz parte.

Se todos tivéssemos espírito comunitário jamais seria necessário, por exemplo, fazer apelos para que se economize água, energia elétrica ou outro bem qualquer.

Todos usaríamos os bens comuns com moderação e bom senso, pois se é verdade que no bairro ou na cidade em que vivemos não faltam esses recursos, em muitos lugares do país eles são escassos.

Dia desses, assistindo ao telejornal, percebemos uma cena que nos comoveu.

Eram as comunidades do Nordeste do país se organizando e se unindo para vencer a fome que por lá impera, devido à seca prolongada.

A solidariedade era a palavra de ordem. Os moradores das várias co-munidades se uniram para, juntos, fazer o que isoladamente ninguém conseguiria realizar.

Numa casinha singela a dona da casa exibia a mesa farta, onde, tempos antes, a fome grassava, impiedosa.

Com carinho servia a filharada, mas as lágrimas no rosto denunciavam a compaixão pelas outras mães, em cujo lar ainda coabitam a fome e a miséria.

Aquela senhora, magra, simples e de grandeza moral indiscutível, pensava nos outros...

Lamentava que outros filhos de Deus estivessem passando pelo que ela mesma havia passado e isso lhe causava pesar.

Talvez aqueles que não experimentaram infortúnios como esses não consigam avaliar suas dimensões. Quem jamais passou fome, talvez não saiba aquilatar o que isso significa, pois o máximo que sentimos é o apetite exacerbado, que logo satisfazemos. Mas, fome, não.

Diante dessa realidade, não entendemos como pode haver pessoas que preferem queimar seus estoques de alimentos a vendê-los a preços baixos, o que, segundo eles, prejudicaria o mercado.

E, enquanto isso, criancinhas morrem de fome ou disputam o alimen-to com os animais.

Observando esses quadros tristes por que passam nossos semelhantes, nossa consciência nos adverte que não temos o direito de desperdiçar nada, sob pena de sofrermos privações mais tarde.

Mesmo que tenhamos a impressão de que nada temos a ver com tudo isso, não poderemos esquecer a recomendação do Cristo: Fazer aos outros o que gostaríamos que os outros nos fizessem.

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Desprezar a fraternidade de uns para com os outros, mantendo a flama do conhecimento superior, será o mesmo que encarcerar a lâm-pada acesa numa torre admirável, relegando à sombra os que pa-decem, desesperados, ou que se imobilizam, inermes, em derredor.

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