Eu estou certo

Recebi em 28/04/2010


Por que queremos sempre ser os donos da verdade?

Por que nossas ideias precisam sempre prevalecer?

Será que precisamos vencer todas as discussões que travamos?

Dale Carnegie, escritor e orador americano, autor do best seller: Co-mo fazer amigos e influenciar pessoas, narra uma experiência parti-cular muito rica.

Conta ele:

Certa noite, estava num banquete dado em honra a um homem muito importante.

Durante esse banquete, um outro homem que estava sentado ao meu lado contou um caso que girava em torno da seguinte afirmativa: “Há uma Divindade que protege nossos objetivos, traçando-os como os de-sejamos.

Ele mencionou que tal frase era da Bíblia.

Enganara-se. Eu sabia disso. Sabia, e com toda a certeza. Não podia haver a menor dúvida a respeito.

E assim, para conseguir um ar de importância e demonstrar minha su-perioridade, tornei-me um importuno e intrometido encarregando-me de corrigi-lo.

Acionou suas baterias. “Quê? De Shakespeare? Impossível! Absurdo! Essa frase era da Bíblia.” E ele conhecia.

O homem que narrava o caso estava sentado á minha direita, e o se-nhor Frank Gammond, meu velho amigo, à minha esquerda.

O Sr. Gammond havia dedicado anos ao estudo de Shakespeare. Assim, o narrador e eu concordamos em submeter a questão ao Sr. Gammond.

Este escutou, cutucou-me por baixo da mesa e disse: “Dale, você está errado. O cavalheiro tem razão, a frase é da Bíblia.

De volta para casa, disse ao Sr. Gammond: “Frank, eu sei que a frase é de Shakespeare.

Sim, naturalmente”, respondeu. “Hamlet, ato V, cena 2. Mas nós éramos convidados numa ocasião festiva, meu caro Dale.

Por que provar a um homem que ele estava errado? Isso iria fazer com que ele gostasse de você? Por que não evitar que ele ficasse enver-gonhado?

Não pediu sua opinião. Não a queria. Por que discutir com ele? Evite sempre um ângulo agudo.

O homem que me disse isso ensinou-me uma lição inesquecível. Eu não só tinha embaraçado aquele contador de estórias, como também o meu amigo.

Teria sido muito melhor se eu não tivesse sido argumentativo.

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A necessidade de sermos aceitos num grupo, de mostrar o que sabe-mos, muitas vezes nos coloca em situações desagradáveis.

Somos descorteses e inconvenientes, querendo provar um ponto de vista com veemência, apenas para que todos percebam como eu esta-va certo.

Será que o mais importante nessas conversas é estar certo ou ser po-lido, fraterno com a outra pessoa?

Por que nossas ideias precisam sempre prevalecer?

Eis o orgulho disfarçado de sapiência, de eloquência, esquecendo que o amor nos faz querer ajudar o outro, em toda oportunidade, e nunca desmerecê-lo.

Pensemos sobre isso, e nas conversações lembremos de dar espaço ao outro, de procurar exaltar as qualidades do próximo, sendo polidos e amáveis em toda oportunidade.

A caridade tem mais nuances do que se pode imaginar...

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Redação do Momento Espírita com base no cap. I, pt. III, do livro Como fazer
amigos e influenciar pessoas, de Dale Carnegie, ed. Companhia Editora Nacional.

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