Diário de uma criança que não nasceu

Recebida em 22/07/2007

 
Feto

05 de outubro.

Hoje teve início a minha vida. Papai e mamãe não sabem. Eu sou menor que um alfinete, contudo, sou um ser individual.

Todas as minhas características físicas e psíquicas já estão deter-minadas. Terei os olhos de papai e os cabelos castanhos e ondula-dos da mamãe. E isso também é certo: eu sou uma menina.

19 de outubro.

Hoje começa a abertura de minha boca. Dentro de um ano poderei sorrir quando meus pais se inclinarem sobre meu berço.

A minha primeira palavra será “mamãe”. Seria verdadeiramente ri-dículo afirmar que eu sou somente uma parte de minha mãe. Isso não é verdade, pois sou um ser individual.

25 de outubro.

O meu coração começou a bater. Ele continuará sua função sem parar jamais, sem descanso, até o fim dessa minha existência. De fato, é isso uma grande dádiva de Deus.

02 de novembro.

Os meus braços e as minhas perninhas começaram a crescer até fi-carem perfeitas para o trabalho; isto requererá algum tempo, mes-mo depois de meu nascimento. Assim que for possível, enroscarei meus bracinhos no pescoço da mamãe e lhe direi o quanto eu a amo.

20 de novembro.

Hoje, pela primeira vez, minha mãe percebeu, pelo seu coração, que me traz em seu seio. Acho que ela teve uma grande alegria.

28 de novembro.

Todos os meus órgãos estão completamente formados. Eu sou mui-to grande.

02 de dezembro.

Logo mais poderei ver, porém, meus olhos ainda estão costurados com um fio.

Luz, cor, flores... como deve ser magnífico! Sobretudo, enche-me de alegria o pensamento de que deverei ver minha mãe... Oh! Se não tivesse que esperar tanto tempo! Faltam ainda mais de seis me-ses.

12 de dezembro.

Crescem-me os cabelos e as sobrancelhas. Já imagino como minha mãe ficará contente com a sua filhinha!

24 de dezembro.

O meu coraçãozinho está pronto. Deve haver crianças que nascem com o coração defeituoso. Neste caso, precisam sujeitar-se a deli-cada cirurgia para corrigir o defeito. Graças a Deus o meu coração não tem nenhuma anomalia, e serei uma menina cheia de vida e forças. Todos ficarão alegres com meu nascimento.

28 de dezembro.

Hoje minha mãe amanheceu diferente, está um pouco angustiada. Mas uma coisa é certa: nós vamos sair para um passeio.

Creio que ela quer se distrair um pouco, talvez comprar roupinhas para mim. É isso mesmo, estamos saindo para algum lugar.

Ih! Acho que estamos entrando em uma clínica. Deve ser para che-car se a minha saúde vai bem. Que ótimo! Quando eu sair daqui, direi à minha mamãe o quanto lhe sou grata.

O médico está chegando...

Mas... esses instrumentos não são para um exame... Não mamãe! Não deixe ele se aproximar!

Ai, que horror! Esta é uma clínica de aborto! Socorro! Deixem-me nascer!

... Ninguém escuta meus gritos!

E meus sonhos de felicidade...

Minha vontade de ver a luz, as flores, as cores...

Tudo acabado...

Sim... Hoje... Hoje minha mãe me assassinou...

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A história é dramática e triste, mas, infelizmente, se repete diaria-mente nas clínicas de aborto do nosso país ou em casas de pessoas que se alimentam com o dinheiro ganho com o sangue de vítimas indefesas.

Hoje já não se pode mais alegar que o feto não é um ser individual, distinto da mãe, pois a ciência afirma o contrário todos os dias.

Assim, tanto quem pratica o aborto quanto quem o consente, deve-rá responder perante as Leis Divinas sobre esse crime.

Pensemos nisso!

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Equipe de Redação do site www.momento.com.br, com base
em artigo de H. Schwab, Nur Ein Hinderland ist ein Vaterland,
Ed, Herder, 1956, publicado na revista Seleções do Reader’s Digest.

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Redação do Momento Espírita
www.reflexao.com.br

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