A mais bela flor

Recebida em 25/06/2008


O bosque estava quase deserto quando o homem sentou-se para ler embaixo dos longos ramos de um velho carvalho.

Estava desiludido da vida, com boas razões para chorar, pois o mundo estava tentando afundá-lo.

E como se já não tivesse razões suficientes para arruinar o seu dia, um garoto chegou, ofegante, cansado de brincar.

Parou na sua frente, de cabeça baixa e disse, cheio de alegria:

- Veja o que encontrei!

O homem olhou desanimado e percebeu que na sua mão havia uma flor.

Que visão lamentável! Pensou consigo mesmo. A flor tinha as péta-las caídas, folhas murchas, e certamente nenhum perfume.

Querendo ver-se livre do garoto e de sua flor, o homem desiludido fingiu pálido sorriso e se virou para o outro lado.

Mas ao invés de recuar, o garoto sentou-se ao seu lado, levou a flor ao nariz e declarou com estranha surpresa:

- O cheiro é ótimo, e é bonita também...

- Por isso a peguei. Tome! É sua.

A flor estava morta ou morrendo, nada de cores vibrantes como la-ranja, amarelo ou vermelho, mas ele sabia que tinha que pegá-la, ou o menino jamais sairia dali.

Então estendeu a mão para pegá-la e disse, um tanto contrafeito:

- Era o que eu precisava.

Mas, ao invés de colocá-la na mão do homem, ele a segurou no ar, sem qualquer razão.

E naquela hora o homem notou, pela primeira vez, que o garoto era cego e que não podia ver o que tinha nas mãos.

A voz lhe sumiu na garganta por alguns instantes...

Lágrimas quentes rolaram do seu rosto enquanto ele agradecia, emocionado, por receber a melhor flor daquele jardim.

O garoto saiu saltitando, feliz, cheirando outra flor que tinha na mão, e sumiu no amplo jardim, em meio ao arvoredo.

Certamente iria consolar outros corações, que embora tenham a vi-são física, estão cegos para os verdadeiros valores da vida.

Agora o homem já não se sentia mais desanimado e os pensamen-tos lhe passavam na mente com serenidade. Perguntava-se a si mesmo como é que aquele garoto cego poderia ter percebido sua tristeza a ponto de aproximar-se com uma flor para lhe oferecer.

Concluiu que talvez a sua auto-piedade o tivesse impedido de ver a natureza que cantava ao seu redor, dando notícias de esperança e paz, alegria e perfume...

E como as Leis da Vida são misericordiosas, permitiram que um ga-roto privado da visão física o despertasse daquele estado depres-sivo.

E o homem, finalmente, conseguira ver, através dos olhos de uma criança cega, que o problema não era o mundo, mas ele mesmo.

E ainda mergulhado em profundas reflexões, levou aquela feia flor ao nariz e sentiu a fragrância de uma rosa...

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Verdadeiramente cego é todo aquele que não quer ver a realidade que o cerca.

Tantas vezes, pessoas que não percebem o mundo com os olhos físicos, penetram as maravilhas que os rodeiam e se extasiam com tanta beleza.

Talvez tenha sido por essa razão que um pensador afirmou que “o essencial é invisível aos olhos.

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Equipe de Redação do Momento Espírita, com base e
mensagem volante, sem menção ao autor.

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Redação do Momento Espírita
www.reflexao.com.br

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