Dois homens instalaram-se, com suas tendas e mercadorias,
à beira de movimentada estrada. Por ali passavam viajantes de muitas
pa-ragens, eis que a estrada logo adiante apresentava diversas bifur-cações
que levavam a cidades grandes e pequenas, vilas e povoa-dos.
Na tenda maior, de listas grandes, coloridas, muito chamativa, fi-cou um
homem de grande ambição. Seu desejo era juntar muitos tesouros.
Por isso mesmo, suas mercadorias eram demasiado caras, embora fossem
ricamente apresentadas em embalagens suntuosas.
Na tenda menor, de colorido delicado, o outro homem simplesmen-te se dispôs a
aguardar os que desejassem chegar até ele. Nenhum cartaz de propaganda
bombástica, nem qualquer outro artifício.
O primeiro atraía multidões. Os que por ali passavam, estranha-mente se
dirigiam para a sua tenda e ninguém discutia ou buscava barganhar os preços
das mercadorias.
Apesar das grandes somas que deviam despender, todos se mostra-vam dispostos
a pagar, sem qualquer discussão.
O segundo não tinha muitos fregueses. Discreto, enquanto aguarda-va, plantava
flores em seu jardim. O lugar era, assim, agradável e de encantos naturais.
Poucos paravam ali, mas os que se detinham, recebiam das mãos do bom homem
flores perfumadas de variados matizes.
Havia tanta singeleza e bondade na doação, que alguns chegavam a se
emocionar, e com beijos nas mãos calosas do anônimo jardinei-ro, procuravam
agradecer as dádivas generosas, depositando nelas as lágrimas das suas almas
tocadas pelo gesto.
O primeiro homem logo foi enchendo o seu cofre com recursos amoedados.
Tantos, que a cada dia mais abarrotavam todos os es-caninhos do grande local.
Sentia-se feliz vendendo, a peso de ouro, a calúnia, a maledicên-cia, o
vício, a inveja, o ciúme. E os passantes prosseguiam, sempre mais ávidos, a
buscar-lhe as mercadorias.
Os dias se multiplicaram e se transformaram em semanas, que ce-deram lugar
aos meses. Na somatória desses, advieram os anos.
Certa tarde, quando o sol ia descansando no horizonte, derraman-do seus
derradeiros raios sobre a terra fértil, colorindo o céu de ouro, sangue e
prata, os dois homens entenderam que a sua hora se aproximava e que seria
bom fazer o balanço das suas finanças.
O primeiro homem, da tenda maior, abriu o cofre e, desgostoso, constatou que
ele estava cheio de moedas de metal vil. Ele fora lu-dibriado. Durante anos,
recolhera o que pensava serem moedas fartas de ouro e verificava serem todas
de valor irrisório.
O outro estendeu as mãos e as descobriu cheias de preciosas gemas. As
lágrimas de gratidão dos que haviam sido aquinhoados com suas flores de
bondade, haviam se transformado em pedras de alto valor.
O homem que vendera ilusões, gozos e prazer, entendeu. Ele co-mercializara e
recebera as moedas da Terra, passageiras, ilusórias, que somente compram as
coisas do mundo e se perdera, no emara-nhado do mal.
O outro, por ter distribuído a bondade sem nada exigir, recebera as moedas
do Mundo Invisível.
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Semear o bem ou comprazer-se no mal, é
decisão de cada um.
Somos responsáveis não somente pelo mal que
praticamos, mas também por aquele que, de alguma forma, incitamos os outros
a praticar.
Assim, todo bem que espalhamos ao nosso redor, é bem
para nós mesmos, pois sempre é dado a cada um segundo as suas obras.
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Redação do Momento Espírita, com base no cap. A
moeda da Terra e a do Céu, do livro À sombra do olmeiro, pelo Espírito Um
jardineiro, psicografia de Dolores Bacelar, ed. Correio Fraterno do ABC.
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Redação do Momento Espírita
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Fundo Musical: Big
sur romance - Christopher Franke
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