Quando menino, eu tinha por apelido, “o
fogo-de-palha”.
Estava sempre com um plano novo na cabeça e, a
respeito, falava en-tusiasticamente à minha família.
Começava a tarefa, porém logo me sentia desanimado e a
largava des-interessado.
E uma outra ideia magnífica jorrava de meu espírito,
para ter o fim de sempre.
Embora o fato se repetisse constantemente, não havia,
em minha ca-sa, comentários a respeito.
Em certo dia de verão, meu pai, que lia o seu jornal
na varanda, cha-mou-me. Estava com uma lente na mão e me disse:
- Preste atenção e irá ver uma coisa muito
interessante. É uma experi-ência...
Com o sol incidindo na lente, passeava o foco de luz
pela folha do jor-nal, porém nada acontecia. Eu estava intrigado.
Então ele deteve o movimento e manteve o ponto de luz
imóvel por algum tempo, focalizando os raios solares. Dentro de poucos
segundos o papel se incendiou e surgiu ali um furo.
Escusado é dizer que aquilo me fascinou, mas não
entendi logo o signi-ficado da experiência. Então meu pai me explicou:
- Meu filho, este princípio se aplica a tudo que
fazemos. Para alcan-çarmos qualquer êxito na vida é indispensável concentrar
todos os nos-sos esforços na tarefa do momento. É como a concentração dos
raios do sol filtrados pela lente. Enquanto ela percorreu às tontas a folha
do jornal nada aconteceu. Mas quando se deteve, você viu o furo provo-cado.
Tudo questão de paciência, tempo e concentração. Às vezes, quando estamos
prestes a desistir, aparece-nos a solução do problema, justamente como no
caso do furo no papel.
Desse incidente me recordei inúmeras vezes em minha
vida, o que me deu sempre muita coragem para perseverar até o fim.