Recebi em 05/12/2021
Algo não aconteceu, mas deixou saudade...
Embora seja uma saudade estranha, essa saudade também existe...
Vamos entender como é...
Ósculos e amplexos
MarcialDIFERENTES TIPOS DE SAUDADE
Marcial Salaverry
Existem diferentes tipos de saudade, e um deles, é a "saudade daquilo que não houve..."
Certamente será uma saudade estranha, e até mesmo parece ser algo absurdo falar em sentir saudade de algo que não aconteceu, pois é meio complicado pensar assim, pois se a coisa não aconteceu, como pode deixar alguma saudade? Realmente é algo curioso, mas acontece.
Existem fatos que, por não terem acontecido, deixam em nossa recordação aquele sentimento, ou melhor, aquela indagação sobre se teria ou não sido bom, se tivéssemos levado a cabo aquele projeto, se teria ou não modifi-cado nossa vida.
Essa é uma das razões pelas quais não se deve deixar as coisas pela metade.
Sendo possível, deve-se ir fundo naquilo que sonhamos, pois a saudade do não ocorrido, sempre deixa um gostinho amargo, ficando aquela dúvida, deixando aquela pergunta no ar: "Teria sido melhor? Teria modificado algo em nossa vida?"
Como exemplo posso citar algumas viagens que programamos e depois, por circunstâncias, não as realizamos.
Pode ficar aquela impressão de que viveríamos a grande aventura de nossa vida, porém algo aconteceu.
Pode ser uma doença, um acidente, uma queda, a alta do dólar, perda de emprego.
Enfim, algum problema que impediu a viagem tão desejada, tão vivida.
A frustração pela desistência dessas férias tão "vividas", chega mesmo a provocar um sentimento de "saudade" pelo que não houve.
E se realizamos, terminamos por notar que não era nada daquilo que foi sonhado.
Mas o fato foi constatado.
E descobrimos que não era bem aquilo.
Não ficará a saudade, simplesmente ficará a frustração por ter sido feito.
São contradições da alma humana.
Imaginar o que não foi feito, e lamentar o que foi.
Imaginar os perigos de um encontro e não comparecer, e depois lamentar por não ter ido.
Ou lamentar por ter ido, porque não deu certo, são simplesmente coisas da vida, que ficam por conta do "Imponderável da Silva..."
Nos relacionamentos acontece muito disso.
Conhece-se alguém numa festa.
A primeira impressão é aquela famosa do "zoiou, gamou".
Fica-se a noite inteira com essa pessoa, imaginando-se tudo o que se poderá fazer e passar.
Depois, quando se perde a pista daquela pessoa tão especial, fica-se com a sensação de que poderia ter sido bom.
Fica-se com saudade do que poderia ter se vivido com aquela pessoa, algo que fica fixado na imaginação.
Como não houve o prosseguimento do romance, fica aquela sensação de saudade no peito.
Pode-se traçar um paralelo com os atuais "romances virtuais".
A Internet propagou o "vírus do amor virtual", que pode ser muito gostoso, gratificante mesmo, se for bem administrado, desenvolvido com absoluta sinceridade.
O perigo nos romances virtuais, é quando um dos dois lados está mal intencionado, e quer tirar alguma espécie de vantagem.
Mas não vamos falar desse lado ruim da história.
Se o tema é saudade, só se pode senti-la de coisas boas. Correto?
Um romance virtual sempre começa com uma simples e inocente troca de e-mails.
Começa-se um papinho descontraído sobre isso ou aquilo, e de repente começam a descobrir afinidades, pensamentos iguais e começa uma troca de carinhos verbais.
Por vezes almas solitárias que se afinam.
Surge porém um problema de difícil solução, que é a famosa distância.
Um, mora no Amazonas, e o outro no Rio Grande do Sul, e assim, pergunta-se como fazer, pois é algo que complica.
Uma viagem dessas exige tempo, recursos, e depois pinta aquele medo: Eu chego lá e a gente não se afina.
Vai que fisicamente não se gosta.
Perde-se a viagem, perde-se a amizade.
Então o encontro vai sendo adiado, e fica na imaginação o que poderia ter sido aquele encontro idealizado com todas as luzes, com todas as sensações imaginadas e descritas.
E se o relacionamento termina como começou, virtualmente, vai ficar aquela saudade do que poderia ter sido aquele encontro tão planejado, tão descrito, tão imaginado, aquele beijo tão carregado de paixão que seria trocado, mas que nunca o foi.
Fisicamente, pelo menos, não.
Vamos combinar que por vezes, é muito mais gratificante ficar na ima-ginação, sentindo-se o amor na virtualidade, pois assim não haverá o peri-go da rejeição física, que poderá ser dolorosa, mas por outro lado, vai ficar para sempre a sensação de que se perdeu algo que poderia ter sido muito bom.
Um amor vivido é melhor do que um imaginado. Será mesmo?
Imaginado pode-se vivenciá-lo como quiser, pode se fazer o que vier na imaginação, ao passo que no plano físico, podem surgir inibições que não eram sentidas.
Enfim, é algo que deve ser muito bem administrado e estudado.
E, principalmente, deve ser muito bem conversado desde seu início, com absoluta sinceridade, para que se possa saber os limites de até onde pode chegar a coisa.
Muitas pessoas que vivem romances virtuais, sentem alguma melhora em sua vida, mas sempre vai ficar aquele gostinho do que poderia ter sido, e assim se explica a saudade estranha do que não se viveu.
Aquele desejo não satisfeito, aquele sonho não realizado, aquele beijo não trocado, aquele momento de amor não vivido, aquela viagem não realizada, enfim muitas coisas que foram pensadas, mas não consumadas, são coisas que nos fazem sentir esse tipo de saudade, que realmente é uma saudade estranha...
Agora de uma coisa, ninguém vai sentir saudade.
É do meu BOM DIA, CRIANÇAS, pois está sempre presente, sempre dese-jando UM LINDO DIA, pelo menos por enquanto, mas não sei até quando...