A maturidade é a arte de saber envelhecer


Na realidade, é a arte de saber envelhecer o físico, sem envilecer a al-ma, pois na verdade não podemos nos limitar a assistir a passagem do tem-po. Sempre temos que fazer nossa parte para que a idade não nos impeça de viver como merecemos e queremos.

Temos que considerar, que a maturidade, na realidade, é o que nos permite viver em paz com aquilo que não podemos modificar, assim como também é o fato de saber o que podemos, se não modificar, pelo menos amenizar, para que os anos cheguem mais suavemente, sabendo usar nossa experiência de vida.

O tempo sempre cobra seu tributo. Ninguém passa incólume. O que se deve fazer é controlar seus efeitos para que não sejam tão devastadores. Vamos ajudar nosso organismo a modificar um pouco os termos da cobrança do im-placável credor que se chama TEMPO.

Quanto ao que é "imodificável", temos que saber aceitar. Não adianta nos re-voltarmos contra as mazelas que a idade provoca em nosso organismo. Te-mos é que saber administrar esses problemas.

Tomando os cuidados adequados, podemos sempre conseguir alguns adia-mentos saudáveis, prosseguindo a todo vapor em nossa vida.

Devemos dentro do possível, manter nossos hábitos, acomodando-os com a nova realidade do organismo. Se não podemos mais correr na praia, passe-mos a caminhar acelerado enquanto der, diminuindo a marcha conforme o organismo for pedindo. O que não podemos, é parar.

Claro que isto se aplica a tudo na vida. A única atividade que não deve ser diminuída, é a prática da amizade, pois esta, além de não requerer qualquer esforço físico, ajuda a conservar a autoestima, que é um fator importante nessa nossa luta pela sobrevivência.

Enfim, crianças, vamos encarar o bicho de frente, que é a melhor maneira de vencê-lo.

A melhor vitória que podemos conseguir sobre a velhice, é não permitir que ela subjugue nosso espírito, que ela o envileça, pois este tem sempre perma-necer jovem.

Como conseguir isso?  Muito fácil. Basta sabermos nos adequar à passagem do tempo. Se tivermos que diminuir os exercícios físicos, podemos e devemos aumentar os exercícios intelectuais, lendo mais, ouvindo mais música, inter-netando mais. Enfim, nos mantermos vivos. Esse é o segredo. Trabalhar o cé-rebro.

Viajar também é bom e ajuda a conservar a juventude interior, além de manter o organismo em atividade.

Um velho amigo, que não sei se seria melhor chamá-lo de amigo velho (a co-locação  depende da  maneira  da  pessoa pensar) um dia destes, encontrou-se comigo numa das esquinas da vida, e começou a desfiar um rosário de la-mentações, dizendo que  estava velho demais (tem a minha idade) para co-meçar qualquer coisa, que agora já se considerava com a missão cumprida, e só estava esperando chegar a hora.

Recomendei então que se deitasse, porque assim a espera seria mais confor-tável. Logicamente ele estranhou minhas palavras, e quis saber se eu  tinha mudado minha maneira de encarar a vida só por causa da minha aposentado-ria.

Aproveitei a deixa e lembrei de uma frase da minha coleção, se não me en-gano, de um tal John Barrymore, que disse qualquer coisa assim: Um homem não está velho até que comece a lastimar, em vez de sonhar.

Ele ficou matutando, se seria mais conveniente pensar sobre isso, ou ir para as famosas "mesinhas de dominó" que a Prefeitura de Santos colocou nos jardins da praia só para que os realmente velhos comecem a se preparar pa-ra a imobilidade total... Enfim, cada um se diverte como quer, não é mes-mo?

Espero que esse meu amigo tenha captado bem o sentido da coisa, pois essa frase encerra uma grande, uma enorme verdade. Nunca, jamais, em tempo algum, em nenhuma circunstância, de maneira nenhuma, podemos nos en-tregar, deixar de ter algum objetivo, alguma meta, algum sonho para alcan-çar-mos.

É exatamente essa flama interna que nos conserva vivos, que nos permite achar que estamos fazendo jus ao lugar que ocupamos no  mundo. Do contrá-rio, passaremos a ser meros objetos decorativos para colecionadores de mau gosto.

Se por acaso alguém se sentiu ofendido com o que foi acima dito, que me desculpe, mas esse alguém é realmente um velho cansado, e não um idoso sonhador... Pensem sobre isso e tenhamos todos UM LINDO DIA.

Marcial Salaverry
Santos - SP



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