De Profundis
 
Recebi em 07/09/2022
 


O mistério da vida é não haver mistério algum, somos assim nós quem temos pela frente todo um mundo por decidir.

Quem foi que disse que isto tem de ser assim e aquele outro daquela maneira, desvendado o mistério, outro se impõem, tudo morre e jaz, agonizando no chão, a vontade do homem.

Não há neste mundo, ou noutros a haver, duas coisas iguais, uma mesma pedra lapidada, segundo métodos iguais, nunca en-contra semelhante entre as suas, ainda que atenda a formas e medidas, que as mãos do artífice de há muito acostumaram-se a ritualizar, é por essa razão que existem o que chamam de pe-dras “brutas” e pedras “puras”.

Há aqui algum mistério, que não o saber-se mistério já, só por-que se definiu que era das profundezas da terra, que a pedra morreria ou viveria?

Vide, minhas mãos, vide meus olhos, que contêm eles de miste-rioso?

As mãos, com que me umedeço, os olhos, que prevalecem, são só o reflexo do caminho, com o qual me percorro diariamente...

Jorge Humberto
Portugal - 12/02/2005



*Por decisão do autor, o texto está escrito de acordo com a antiga ortografia.

 
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