Recebi em 14/09/2005 |
Ao acurar os ouvidos, Para ouvir o canto do sabiá Deparei-me com lembranças Daqui e de acolá! Estou em terra sem dono, criada para nos salvar, Decisões sérias aqui na terra O povo está a aguardar. Moro em Brasília, Mas Minas Gerais é minha terra Natal Vim para cá, lavrar a vida real Estudei, lutei, acho que venci Aqui os meus filhos pari. Sempre esperei grande mudança Nessa terra de pujança, que é o Brasil Central. Aguardei ansiosa que essa vida mentirosa mudasse o seu astral. Pensei que chefes de governos Fariam a Reforma agrária, Sem violência nos campos Sem MST ou classe empresária Tudo com justiça, assentamento e dignidade. Qual não foi minha surpresa, A enxada, a foice e o martelo Só serviram para duelo Entre o campo e a cidade Depois que vim para cá, nunca me esqueci de lá Do aboiar o boi no pasto Do camponês separando a terra Para a semente esperançosa brotar O carro de boi rangendo as rodas O boiadeiro a cavalgar juntando a tropa de bois e os levando a pastar. Era fartura, muito arroz e feijão O cão dormindo ao lado do fogão. No quintal as galinhas a ciscar, lá longe as vacas mugindo, os bezerrinhos saindo, para perto dos touros ficar Os porcos comendo abóboras, E felizes a engordar Eita que a vida era gostosa Sentido o cheiro do pão com torresmo No forno a assar Tinha sempre um dedo de prosa Uma viola encantada para os ouvidos descansar as crianças eram felizes sabiam que tinham raízes e na terra queriam ficar. Como fica o homem, hoje, Perdido na globalização Um planeta abandonado Faminto, famigerado, cheio de corrupção. Homem sem esperança Um tédio, escravidão! Cortou os vínculos com a terra Só toma leite de caixinha, nem sabe que isso encerra, pouca saúde e muita tecnologia. Como fica essa situação: O peão sem profissão, o agricultor de enxada na mão aguardando o seu pedaço de terra para alimentar sua prole Creio que a resposta é breve! A terra, bem cedo o engole! Margaret Pelicano Brasília - DF - Março de 2004
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