Dueto: A eterna infância
 
Recebi em 31/01/2006

 

A coisa mais interessante... sempre encontramos crianças que dese-jam ser adul-tos... e adultos que lamentam não ser mais criança... Haja incoerência...
Ósculos e amplexos,
Marcial

A eterna infância - Poeta Marcial Salaverry

A ETERNA INFÂNCIA
Marcial Salaverry

A sabedoria milenar dos chineses é algo que não se pode discutir.

Encontramos mensagens que nos foram legadas por eles, que, apesar de escritas há muitos séculos, ainda conservam uma atualidade impressio-nante.

Como esta, que me foi repassada por meu amigo L’Inconnu: O grande ho-mem é aquele que não perdeu a candura de sua infância.

Esta é uma grande verdade, pois o que realmente estraga a vida de muita gente, é esquecer totalmente que um dia foi uma criança livre de precon-ceitos, inibições, sem se preocupar com a famosa frase: "não faz assim, não fica bem, você não é mais criança"...

Geralmente a adolescência é uma das piores fases da vida, porque ainda não deixamos de ser crianças, mas já queremos parecer adultos, desejan-do todas as prerrogativas da vida adulta, sem contudo assimilar que com essas prerrogativas vem uma série de responsabilidades, que só a vivência fará com que sejam bem compreendidas.

Tentando ser adultos, esquecem-se de que ainda são crianças, e daí nas-ce toda uma revolta, transformando a maioria dos adolescentes em rebel-des sem causa.

É muito fácil desejar todas as regalias de um adulto, sem ter que fazer nada para isso.

Apenas receber de “mão beijada” os direitos dos quais se julgam merece-dores, esquecendo dos reais valores da vida, já que direitos e méritos devem ser conquistados por esforço próprio.

Assim terão valor.

Uma coisa é certa,  crianças fomos, e crianças sempre seremos.

A única diferença é que, quando somos fisicamente crianças, agimos com naturalidade sem aquela preocupação do "fica ou não fica bem".

Quer coisa mais linda e espontânea do que o sorriso de uma criança feliz?

Não é aquele sorriso estereotipado como, por exemplo, o sorriso dos pra-ticantes de aeróbica, que estão fazendo os exercícios, tudo exigindo de seu físico, sendo obrigados a manter aquele  sorrisinho forçado.

Ou como  o sorriso que temos que dar quando o chefe conta aquela piada velha e besta que sempre contou.

E vai por aí afora.

As crianças somente sorriem, quando estão com vontade.

E quando são forçadas a agir contra sua natureza, quando os adultos querem que “cresçam depressa”, isso vai provocando danos em sua perso-nalidade futura, formando aquele adulto cheio de traumas e preconceitos.

Agora uma coisa é certa, as crianças não sabem ainda observar os limites, aquela velha máxima, "de que seu direito termina onde começa o meu, e vice-versa".

Isto sim, tem que lhes ser ensinado, para que não sejam aquelas detes-táveis crianças birrentas e cheias de vontades e exigências, que quando chegam perto de nós, somos obrigados a avisar: se morder, eu chuto...

Os limites sempre devem ser mostrados às crianças, para que elas saibam até onde podem chegar sem serem inconvenientes.

Crianças mimadas ou super protegidas também transformam-se em adultos problemáticos.

Nem tanto ao mar, nem tanto à terra...

Nem a disciplina militar, nem a liberalidade excessiva.

A medida certa é a liberdade vigiada, o meio termo ideal, para que não percam a espontaneidade natural, nem se transformem naquelas crianças chatas e impertinentes que se acham com todos os direitos do mundo, sem nenhuma obrigação.

Mas isto é uma outra história, que fica para uma outra vez...

Do que estávamos falando mesmo?

Ah!!! do quanto é bom conservarmos, com a sabedoria da idade, o espírito infantil de alegria e descontração.

Realmente, dosando-se adequadamente as coisas, tornamos nossa vida muito agradável e gostosa de ser vivida, e ainda sobra tempo e disposição para transmitir um pouco dessa alegria aos que estão à nossa volta.

Conservar algo da infância, não tenham dúvidas, faz muito bem para o espírito, prolonga a vida, já que  essa alegria e vontade de viver, faz com que vivamos até morrer... podem acreditar.

Bem crianças, esperando que todos consigam guardar alguma coisa da criança que foram um dia, desejo que tenham UM LINDO E FELIZ DIA.


Vivo a eterna infância - Poetisa Schyrlei Pinheiro

 

Vivo a Eterna Infância
Schyrlei Pinheiro

Na eternidade, a Infância  é um estágio, que o tempo renova infinitamente na escola da vida.

A carcaça física se desgasta de forma natural e desaparece no evoluir.

Por isso, a contestação inconsciente dos "adultos" e o desejo infantil de amadurecer; uns, inconformados, não querendo trocar seu fim por um novo recomeço; o outro, ansioso por  transformar-se em flor e desfrutar dos prazeres da vida.

Crianças-sementes, ou,  sementes de crianças, não param de crescer como árvores  do tempo.

Somos todos  infantis quando erramos, e, certamente, distantes de sermos considerados adultos.

Pelo plano superior, somos crianças, grandes e pequenas, procurando acertar os passos de um circuito que  vibra luz, paz e amor, quando, na estrada infinda, seguirmos confiantes, sabendo que plantamos todas os nossos sonhos em terra fértil, e que nossas flores não mais serão passageiras no meio do nada, exalando o perfume de uma beleza rebelde, que fenece, sem ver a raiz da felicidade desabrochando.

Sem dor, ou saudade, passaremos a idade adulta e perderemos a eterna infância, e o direito de voltarmos a viver no jardim da sabedoria




Fundo Musical: Ballade Pour Adeline - Paul de Seneville

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