Epitáfio ou... recomendações posteriores - Gui Oliva

Na lápide onde irão registrar meu passamento
não quero lamento...em verdade,
pouca coisa quero.

Desejo que plantem no lado externo
da minha cova uma muda de jasmim,
do latim algo como um
Jasminum polyanthum
mas alguém me alerta:
jasmim dos poetas.

Sei que ele vai, como o amor
que recebi em vida, brotar,
algumas vezes deverá ser podado,
mas vai florescer e vai me perfumar,
e, o melhor, vai se alastrar
para me enredar
num grande abraço
de não largar.

No túmulo
não quero mármore, azulejo ou granito
é revestimento de pedra como deve ser,
para lembrar aquelas lá do meu Caminho
e simples... no chão rasteiro...
só para varrer as folhas secas
e as flores murchas do jasmineiro.

Assim, com o trabalho,
os que ficam não esquecerão
de que ali, sob a terra, depois de um tempo,
só um pozinho misturado a ela,
é o fim de todos, descansados,
mas não sozinhos... com a Mãe-Terra.

E os galhos do jasmineiro,
velando o que restou de mim,
circundarão apenas uma Cruz,
o símbolo do Mensageiro.

Na lápide então escrito
o tal do epitáfio,
mas que nome estranho
para o resumo de uma vida.

Como nunca tive o dom
da concisão,
pensar para deixá-lo
previamente rascunhado,
é uma lida.

mas tento...
é difícil, e todo ser humano,
que desejar de si escrever,
tem igual sina,
mas na minha pedra escrevam:

Fui, da vida e de mim mesma,
uma peregrina

Gui Oliva
Santos - SP - 29/09/2006

Epitáfio - Tere Penhabe

Epitáfio... nome bonito...
talvez por isso eu faça muitos
mas não espero nem por um segundo
usá-los...

Quando eu morrer, não chorem
porque eu estarei sorrindo
finalmente livre das amarras tantas
sobrevoando meu mar, como a águia
que eu sempre quis ser...

Também não escrevam nada sobre mim
pois não estarei ali... apenas pensem
numa mulher que teve tudo que quis
e quem achar que foi muito pouco
é louco...

Pois tive a natureza e toda sua realeza
tive amigos e amores, que partilharam comigo
verdades e sorrisos, alegrias, dores.
Também tive inimigos, que ninguém está livre deles
mas consegui amá-los e compreendê-los...

Os bens que eu tive, eu os perdi aqui, antes de ir
melhor assim, foi preciso para pagar
o que me ensinou, que nada tem mais valor
do que aquilo que não podemos levar...

Então fica assim... meu epitáfio na verdade
será uma lembrança, uma saudade
na memória de cada um que a sentir
porque as mesmas que eu levar
eu deixarei aqui...

onde, à minha maneira
eu fui muito feliz!

Tere Penhabe
Santos - SP - 03/10/2006 - 11:00 hs
www.amoremversoeprosa.com




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