Talvez que eu não devesse olhar pra ti, Nem dar-te meus floridos pensamentos,
Passear como louco nos conventos, Em cujos corredores me perdi.
As mil palavras lindas que escrevi Em brancas folhas, de altos sentimentos,
Tornaram-se punhais desses tormentos, Que por desilusões tanto sofri.
E podia enfrentar ventos medonhos
Nas ondas pardacentas dos teus sonhos, Rastejar por caminhos e sendeiros!…
Para quê, afinal, meu Santo Deus, Se teus olhos brilhantes são ateus
E desta fé por ti fogem ligeiros?
Tito Olívio
Faro - Portugal - 15/10/2010 - 01h40
Talvez fora melhor eu jurar votos, No hábito esquecer tão funesto amor,
E envolta na brancura do Senhor, Amar somente a Deus e seus devotos.
Os versos inflamados que inventei Em noites de ilusões embevecidas,
São hoje folhas mortas, ressequidas, Ao chão da Primavera que sonhei.
E como eles agora se esfumaram... Depois que em chamas céus atravessaram,
Pra diluírem o gelo das tuas dores.
Para quê, esse fogo dissipaste, Ao vento da traição que lhe lançaste,
Se hoje amornas em pálidos amores?
Carmo Vasconcelos
Lisboa - Portugal - 06/11/2010
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