Sem ti, que estás no sangue deste sangue Que corres nestas veias do meu corpo Deste corpo que usaste, até que exangue Deixaste, sem remorso, e quase morto. Sem ti, nada mais há para ensejar Se eu aspirava só a estar contigo Neste vazio nada há pra imaginar Cada dia que passa eu me maldigo. Ah, se esta lastimosa desventura Presto me conduzisse à sepultura Sei que abraçaria essa procela. Mas o pior que pode acontecer É almejar a morte e não morrer É viver nesta frio que m'enregela. Eugénio de Sá Mesmo longe, mas ao alcance do meu pensamento. Vejo-te pós-horizonte, esperando-me de braços abertos. Os corpos tão distantes e nossos corações tão pertos. Na brisa que me chega sinto teu olor, meu alento. No delírio de meus sonhos alço voo a tua procura. Levo comigo no peito uma bússola sem norte. Sigo a minha estrela guia que sempre me ajuda. Quem sabe desta feita, neste sonho terei mais sorte. Fecho os olhos e te vislumbro sorrindo para mim. Em céleres e largas passadas corro para teus braços. Mas esvaeces qual miragem em um oásis, sem fim. Quisera poder descansar meu cansaço no teu regaço. És o ar que respiro, razão do meu viver, minha guarida, minha paixão, minha musa, minha amada, minha querida. Dona de mim, meu apaixonado coração é teu refém. Entre juras de amor, confesso que sem ti, sou ninguém! Ary Franco (O Poeta descalço)
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