Vou contar a vocês uma história banal dos dias de hoje,
e que, muitos
de vocês
desconhecem a realidade.
Trabalhando como assistente social, fazendo parte da diretoria de
uma
entidade, tive o desprazer de conhecer um mundo o qual muito fez
sofrer a minh'alma.
As mulheres de rua
da Praça da Luz.
Lá, nesta casa onde oferecia-se, banho,
a oportunidade de roupa lavada, uma refeição diária, remédios,
preservativos inclusive, en-sinava-se algumas prendas como elaboração de
trabalhos manu-ais, os quais poucas tinham a
capacidade de fazer algo
aproveitá-vel.
Um dia com uma menina mirrada em meu colo, nove
anos, corpi-nho
franzino, perguntei o que ela fazia ali.
"Estou com
minha mãe"... Dizia ela.
Assustada com o fato
de uma mãe ter levado a menina para aquele
lugar fétido, nojento, continuei assim mesmo indagando o porquê de uma
menina naquele lugar.
Vim
a saber que a "menina", aquela criança em meu colo, era tam-bém
uma prostituta como todas as outras mulheres, moças ali pre-sentes.
Meu
coração de mãe estava despedaçado ao ver aqueles olhos que
deveriam conter
a inocência, já contaminados com a maldade do mundo.
Perguntei a
mãe porque ela levava a sua própria filha para esta vida,
pois no meu
entendimento, Mãe, é o ser que nesta vida nos acari-nha,
nos ajuda a
crescer, viver, nos protege do mal do mundo, nos orienta, e
naquele momento
percebi que isto ali, era somente uma demagogia, pois a
mãe desta pobre
menina, como todas as outras, que por este mundo se
multiplicam, me
disse: - "Eu
quando deito com um homem, eles me pagam
a mísera quantia de
um real
e à ela pagam dois"...