SUPERAÇÃO!” Vi curiosa, a descoberta dos meus primeiros fios de cabelos brancos... Aos 39 anos, no livro da minha vida, encontrei a imensa emoção do nascimento do meu primeiro neto. Logo em seguida, veio a che-gada dos outros netos, com quem chorei de alegria, e com eles re-vivi um amor diferente, sem cobranças, somente risos, farras, ale-grias. Descobri então, como é bom ser Avó! É um amor tão desme-dido, que transborda do coração e me transforma em criança de novo! Revi emocionada, as páginas de momentos inesquecíveis, de amigos queridos que já partiram desta vida. Reencontrei em páginas amarelecidas pelo tempo, ou pela tris-teza, não sei, lembranças tão valiosas, algumas que estavam já es-quecidas, de familiares que também já se foram, mas que deixa-ram marcas indeléveis em meu coração. Voltei aos 63 anos e entre lágrimas de alegria, senti de novo to-da a emoção da realização de um sonho: escrevi e publiquei o meu primeiro livro e descobri a emoção de ser poeta. Relembrei toda a felicidade de ver nascerem mais três livros, deixando à minha família e aos meus amigos, para toda a eternida-de, minha alma condensada nos meus versos. E por mais incrível que pareça, na minha visita ao passado, não encontrei nenhuma recordação má... Nenhuma mágoa. Todas se foram. Sumiram das minhas lembranças como uma nuvem de fuma-ça que sobe ao céu numa espiral, em forma de oração, deixando somente as cicatrizes tatuadas em minha alma... Só me restaram as lembranças de momentos felizes. A realidade traz-me de volta ao presente, e curiosa, descubro morando em meu espelho, ...“Essa estranha, que é tão mais velha que eu...” que carrega as marcas do tempo em seu rosto, que é tão diferente de mim, “mas que é tão parecida com minha mãe”... e me pergunto: - Quem é essa mulher? (extraída de pedaços de frases de Mario Lago). Quem é essa mulher que me observa/ Com um sorriso cintilante de menina? Quem é essa mulher que me fascina/ E um juvenil olhar ainda conserva? 70 anos... Sou qual uma árvore que lutou contra as intempéries, venceu, deu frutos e ainda carrega folhas brilhantes e douradas de outono, transmitindo as sementes da experiência aos meus filhos, minha fi-lha, minhas noras e meu genro. Ainda brotam em mim algumas flores da primavera, que perfu-mam os amigos que se abrigam à minha sombra. Sou qual uma árvore de ramagens frondosas, aonde os passa-rinhos vêm fazer os seus ninhos, na figura de netos muito amados, já adultos, lutando através da vida, escrevendo corajosamente suas próprias histórias. E sou abençoada com um netinho que revo-lucionou a minha vida com seu olhar brilhante e um sorriso muito moleque; e uma bisnetinha do coração, com olhinhos expertos e um sorriso muito sapeca. Sou qual uma árvore que canta com o vento, a Canção de Amor à Vida e agradeço ao Senhor, por me permitir comemorar com vo-cês, os meus 70 anos. E revendo todas as páginas do livro da minha vida, me descu-bro... Sei quem sou! Sou feliz! Amo e sou amada! Desnudei-me, nesta viagem ao pas-sado, de todos os medos, todos os preconceitos, intolerâncias e falta de perdão. Aumentei a minha fé! Tive um encontro com Deus! Gosto de mim mesma! Sou amiga dos meus amigos, amo de pai-xão a minha família e não tenho inimigos! FIZ AS PAZES COM A MINHA HISTÓRIA! Hoje me vejo rodeada por uma família incrível e por meus ami-gos leais e carinhosos e agradeço a Deus por colocar cada um de vocês em meu caminho. Sem vocês, a minha história não seria a mesma. Acho que sou uma pessoa forte... Sou capaz de sofrer por uma decepção, chorar de alegria, fazer piadas das minhas próprias do-res, olhar o céu e agradecer a Deus por um novo dia. Tudo na vida é um parágrafo, uma frase, na excitante aventura de se construir uma história. E a minha história tem muitas páginas felizes. Graças a Deus! A vida é curta... E passa depressa demais. Lembrem-se: a vida é um livro! E serão vocês quem escreverão em suas páginas. Por isso, guardem sempre com carinho tudo que foi vivido. Assim é o livro da vida: daqui a pouco a página vira e o capítulo muda... Daqui a pouco as páginas se acabam e viram somente lembran-ças. Nilda Dias Tavares |