Folhas de outono

Recebi em 23/05/2006


Nostálgica estação do ano, com as tardes de temperatura amena, a brisa que vem do mar, já soprando com maior intensidade.

Caminhando por esse logo jardim, perdida em meus pensamentos detenho-me por instantes, apreciando as folhas que se soltam ao sabor do vento.

Minha atenção, nesse momento é voltada para uma folha que está praticamente só em seu galho, as demais já haviam caído.

Fico intrigada ela balança, balança e não cai.

Num impulso me aproximo e balanço aquele galho.

Quero que ela se desprenda vou levá-la comigo, só que para minha surpresa, meu esforço de nada adiantou a folha não caiu.

Nova tentativa sem resultado satisfatório, sento-me na grama e penso ficarei esperando, todas já caíram e ela permanece ali, vai ter que se soltar aguardarei aqui!

Quando percebo o sol já se foi, a noite já está se fazendo presen-te, levanto-me e começo afastar-me do local.

Nisso parei e olhei para trás, foi nesse momento que vi a folha se soltar, não tive dúvidas voltei e a recolhi do chão.

Segurando-a entre minhas mãos, lembrei-me nesse momento a im-portância real da existência de cada ser.

O tempo certo que temos que esperar para amadurecer.

De nada adianta precipitarmos os fatos.

Eu mesma estive lá, forçando uma situação, balançando o galho da árvore e a despeito disso ela se manteve, no entanto quando eu pensei que ela não fosse mesmo cair, a folhinha soltou-se descen-do, como que bailando feliz!

Satisfeita, por ter expirado seu tempo de permanência ali depen-durada.

Ficou firme no galho enquanto o sol estava presente, parece até que queria lá se manter, como se estivesse de sentinela, prestando guarda para o astro-rei.

Foi somente no momento que ele deixou de brilhar, desceu na li-nha do horizonte que a folha, num último suspiro soltou-se, liber-tou-se.

Quisera eu poder chegar ao final da minha jornada, dessa mesma maneira!

Consciente e feliz por saber, que  meu tempo havia terminado, mas que eu partiria, com a certeza de ter cumprido à contento, minha missão nesse planeta.

Olharia pela última vez o sol e agradeceria, por todos os dias que ele iluminou a minha vida.

Por tudo o que representou e contribuiu para minha existência sa-dia.

Enfim...morreria feliz...

Nadir A. D'Onofrio
Santos - SP - 14/04/2005


 

 
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