Será
que o preconceito nunca vai morrer?
Li hoje, sobre a pesquisa realizada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE) realizada em 501 escolas públicas de todo o país, que
99,3% das demonstram ter preconceito com relação a portadores de de necessidades especiais.
Isso me fez voltar no tempo. Lembrei que três meses depois de haver
matriculado minha filha de 4 anos, no jardim da infância, re-cebi um telefonema pedindo que eu comparecesse à escola.
Cheguei ali meio apreensiva.
A diretora, com muito tato, pediu que eu não trouxesse mais
Rita à escola, pois aquele estabelecimento não possuía professores especializados em
síndrome de down.
Estamos em 2009, vinte e quatro anos se passaram desde aque-le dia,
mas noto que, apesar do tempo decorrido, a maioria das pessoas e escolas
continuam com o mesmo preconceito.
Para não receberem alunos com necessidade especial,
os colégios alegam falta de estrutura, tanto na parte de acessibilida-de do edifício como na
parte da adequada preparação, de seus funcionários, e, pior de tudo, não fazem nenhum esforço para mo-dificar essa situação.
A não ser, é claro, quando coagidos pela Justiça.
Isso acontece pela ignorância de alguns mestres, diretores
de esco-las e pais de alunos não deficientes, normalmente com relação ao aluno com deficiência intelectual.
Há, infelizmente, pais que não querem
que seus filhos estudem ao lado desses alunos, porque receiam que essa convivência possa prejudicar seus
filhos tanto na área intelectual como comporta-mental. Agem como se a deficiência fosse vírus extremamente con-tagioso.
Como teremos um futuro sem preconceito
se esses pais colo-cam, desde a mais tenra idade, nos corações de seus rebentos, o preconceito?
É necessário que pessoas preconceituosas comecem
a olhar o mundo que os cerca com olhares diferentes; que permitam que o
preconceito seja excluído de seus corações e que, acima de tudo, andem na mesma direção
que as pessoas portadoras de deficiência.
As escolas
devem abrir, espontaneamente, suas portas ao alu-no com
deficiência. Elas devem compreender que a convivência entre alunos com e
sem deficiência fará uma grande diferença: estes aprenderão a conviver, respeitar e "ver" que aqueles têm sen-timentos e sonhos iguais aos seus. Em contrapartida, os alunos com deficiência intelectual terão maior desenvolvimento ao convi-verem com crianças sem deficiência.
Até mesmo sem a orientação de um professor
especializado, embora sua presença seja sempre recomendável, é possível, com boa vontade, ministrar aula para alunos portadores de deficiência intelectual, isso eu posso garantir, pois não sou formada e alfabeti-zei a minha filha.
As escolas precisam, para que o aluno se alfabetize, acima de qualquer
outra exigência, ter em classe um professor auxiliar que seja muito paciente e
dedicado, bem como dar ao aluno, depois do horário do curso, o reforço da aula dada naquele dia.
Mudam os termos a serem usados: deficiente,
portador de defi-ciência, pessoa com deficiência, mas não muda o mais importante - a conscientização
de que todos temos defeitos e direitos.
Muriel E. T. N. Pokk
Texto registrado em cartório