Inclusão, sim,
mas, com respeito ao ser humano
A inclusão tem sido polemizada e com razão.
Não há como se inserir alunos portadores de deficiência men-tal, severamente
comprometidos, numa classe normal, tirando-lhes o direito a uma
educação adequada.
INCLUSÃO é uma palavra linda, principalmente quando é usada respeitando-se o direito do ser humano.
A Constituição e as demais leis servem a muitos
e muitos por-tadores de deficiência.
Porém, portador de deficiência mental severa também tem o seu
direito garantido à educação, mas em lugar calmo e propício, com
profissionais especializados, com material adequado e, acima de tudo, com muito
respeito a
ele.
Infelizmente, não há como fazer uma educação englobada para todos,
como por exemplo, incluindo, numa classe de alunos "nor-mais", pessoas com
deficiência mental profunda.
Somos iguais, sim, mas só perante Deus; aqui na Terra,
há dife-renças
que não podemos esconder, nem fazer de conta que não existem.
Não há como querer que em uma escola pública,
numa sala de aula,
com 35 crianças (às vezes até mais), cada uma com suas difi-culdades, uma só
professora possa ministrar aula coletiva, e, ao mesmo tempo, a aula
individual
ao portador de deficiência men-tal, de
forma que este aprenda corretamente.
A inclusão da pessoa com deficiência mental, em classe nor-mal, não é
tão fácil de ser realizado a contento; na realidade, exige mais
do que simplesmente uma professora especializada. É preciso muito mais do que
isso para
que ele aprenda.
Se o fato de matriculá-lo na escola, por si só, bastasse para
promover
a inclusão do aluno e seu aprendizado, não teria havido necessidade de leis
para que obrigassem as escolas a recebê-los em suas classes.
Todas elas estariam sempre de portas abertas.
Vejamos básica e genericamente, mas não exaustivamente,
o que as
escolas devem ter e/ou fazer para aceitar um portador de
deficiência física,
sensorial e mental.
Para uma escola estar apta a receber um portador de deficiên-cia
física precisa fazer adaptações em suas dependências.
Todas suas portas devem ter largura tal que permita a passa-gem de
cadeira de rodas; deve ter rampas de acesso; banheiros
adaptados (com barras
etc.). Isso significa que a mesma preci-sa mexer muitas vezes
no prédio inteiro, para receber o novo aluno.
Para o portador de deficiência visual, será necessário que as
li-ções ministradas estejam acessíveis em braile ou gravadas.
Para o deficiente auditivo também há necessidade de algumas
adaptações no prédio escolar, como por exemplo luz que pisque
para indicar que o
sinal tocou, etc. O professor deve falar de frente para o aluno ou
contar com
colaboração de um auxiliar que vá traduzindo em libras as aulas
faladas.
Esses alunos têm condições intelectuais de receber as
informa-ções dadas pelo professor em sala de aula.
Mas, para o deficiente mental, a questão é mais complexa.
A não compreensão da aula dada pelo professor faz com que haja necessidade de que a matéria seja explicada muitas vezes. Se for
preciso, essa
explicação deve ser apresentada de maneiras di-ferentes, com
paciência, até
que ele a compreenda perfeitamente.
A lentidão, comum aos portadores de deficiência mental, para a execução das tarefas dadas (cópias, ditados, leitura, etc.), fará com que os
demais
alunos fiquem à sua espera, prejudicando-se.
Se a professora não aguardar o término do trabalho que
foi co-metido
ao portador de deficiência mental e continuar sua aula nor-malmente, este
sentirá, ao ver que os seus coleguinhas prossegui-rem sem esperá-lo,
uma sensação de incompetência, de inferio-ridade e de falta de
solidariedade, o que
lhe poderá acarretar problemas psicológicos.
Sem condições de superar esses empeços, há escolas que se sa-tisfazem
com uma inclusão aparente – que permite a portadores
de deficiência mental chegarem ao colegial, mal
sabendo ler ou es-crever e sequer fazer as operações aritméticas com desembaraço.
Sou a favor, sim, da inclusão, pois a fiz com minha filha.
Mas uma "inclusão inclusiva" mesmo. A inclusão que faz o aluno
se tornar independente;
que o faz sentir-se bem na sala de aula; que o leva, efetivamente, a
aprender
e ser aprovado, por seus próprios méri-tos, como qualquer outra
criança.
Não é importante a série a que ele chegue, ou quanto
tempo demore
para nela chegar, o importante é que naquela em que che-gar, nela
esteja por
competência.