A meu ver, o isolamento leva à loucura porque os animais racionais e até os irracionais necessitam viver em comunidades semelhantes.
Na minha opinião, isolar-se, por um período curto, pode ser considerada uma atitude válida para se colocar em ordem e procurar a solução de problemas que, na
vida moderna, natural-mente surgem, tais como: sentimentais, familiares, profissionais e muitos outros que muitas vezes não se consegue solucionar, porém na
minha opinião essa atitude é por demais radical e desaconselhada por psicó-logos e psicanalistas, pois pode levar o indivíduo a praticar atos
desesperados que contrariam a Lei de Deus, tirando a própria vida.
Tenho dúvidas de que ainda existam eremitas ou eremitismos, porém, se existem, desconheço, a não ser en-tre aqueles que, por qualquer motivo, como
um amor mal resolvido ou imposição familiar, se enclausuram nos monastérios ou partem para uma vivência distante da sociedade, porém poucos o fazem pela
religiosi-dade ou fé em Deus, salvo aquelas pessoas que perderam totalmente a razão e já não acreditam em nada, não querem tentar, com inteligência e fé em
si mesmas, resolver os problemas que as afligem, julgando que, com isso, resolverão os seus problemas existenciais.
Na minha opinião, a solidão e a inatividade aumentarão a possibilidade de uma morte em vida, lenta, pois os seus pensamentos estarão voltados somente
para o seu próprio ego, longe da presença de seres humanos, apenas ouvindo o som da natureza, não enxergando nada além de si mesmo.
Por tudo isso, julgo que, mesmo sem conhecimentos abalizados, hoje, só "loucos", nos seus desvarios, pro-curam se subtrair à convivência em sociedade e
não como acontecia na Antiguidade e na Idade Média em que alguns se isolavam para refletir, orar e estar mais próximo a Deus, não motivado por problemas
exis-tenciais. Pelos meus modestos conhecimentos acerca da vida dos apóstolos, nem Paulo de Tarso, um dos mais radi-cais, transformou-se
num eremita por longo período. Ele só o fez, durante o tempo necessário para estudar e conhecer o Evangelho de Jesus, porque decidiu se tornar um dos
seus seguidores, amealhando o povo para pregar o Cristianismo que acabara de nascer. Assim que tomou conhecimento das lições de Jesus, saiu do seu autoisolamento
para ensinar tudo o que aprendera durante o tempo em que esteve afastado. Viajou e pregou o Evangelho, embora fosse um temível defensor do judaísmo
e um perseguidor implacável daqueles que iniciaram a conversão ao Cristianismo. Era tido como um personagem importante dentro do Sinédrio, frequentador
da alta sociedade da época, tanto na Palestina quanto na cidade de Tarso, na Grécia antiga. Ele deixou de ser aquele perseguidor incansável e se voltou
contra os abusos que eram praticados em nome de Deus pelos fariseus, tendo ele mesmo julgado e condenado o irmão da sua noiva Abigail, que também se tornara
cristã, levando-a à morte pela tristeza e dor ao saber que o homem com quem sonhara se casar era o assassino do seu único parente, pois todos os outros,
inclusive seu pai, foram condenados a uma morte infame por um tribunal romano, diante dos seus filhos.
Por tudo isso penso que, nenhuma pessoa tida como santa hoje em dia, aderiu ao eremitismo, muito pelo contrário, procurou os movimentados centros urbanos para
servir às comunidades que careciam de ajuda. |