Viagens aéreas pelo Congo
 
Recebi em 29/07/2022
 

UM BRASILEIRO NA ÁFRICA

VIAGENS AÉREAS PELO CONGO

Este é um capítulo especial do que foram as aventurosas
viagens aéreas pelo Congo...
Os passaportes venceram, e era preciso renová-los.
Brasil e Congo não tinham relações diplomáticas.
Assim, foi preciso ir até Luanda, para efetivar a renovação,
e foi uma viagem simplesmente maravilinda...



Trecho extraido do capítulo, PASSEIO EM LUANDA...
O avião acima, é uma réplica daquele onde viajei...
Sinto-me lá dentro...
 
Como em Kinshasa não havia embaixada, nem do Brasil, nem de Portugal, foi necessário ir até Luanda para renovar os passaportes.

E foi uma maratona, pois nos deslocamos de jipe de Kinshasa até Matadi, e lá atravessamos a fronteira para a base militar de Noqui, onde iriamos em-barcar num garboso monomotor para ir até Luanda.

E lá fomos nós...

Apenas Neyde e eu, pois as crianças ficaram em Kinshasa, aos cuidados de nosso amigo Ruy Hasson...

E então, começou uma aventura totalmente inusitada...

Senão vejamos.

O comandante militar de Noqui, ao saber estar diante de brasileiros, des-manchou-se em gentilezas, e convidou-me para assistir ao interrogatório de alguns rebeldes capturados.

O interrogatório desenvolveu-se no dialeto “kimbundo”, do qual tinha al-gum conhecimento.

Pude, então, constatar com assombro os reais motivos que levavam aquela gente à sangrenta rebelião em que estavam envolvidos.

Esperando ouvir as tradicionais declarações de “queremos independência”, “amor pela pátria”, fiquei verdadeiramente estarrecido ao ouvir que o prin-cipal motivo que os impelia à guerra, era o fato de que o feiticeiro da tribo lhes dissera que, “para cada branco que matarem, terão 1 ano a mais de vida”.

Pode?

Fazer-se uma rebelião tão sangrenta só por esse motivo?

Enfim...

Coisas da África.

Fomos então chamados ao “aeroporto” onde vimos a possante aeronave que nos levaria até Luanda.

Um garboso monomotor de 4 lugares.

Ficamos encantados com essa oportunidade de viajar com exclusividade.

Só o piloto, Neyde e eu.

O encantamento aumentou, quando o piloto com  a maior simplicidade, pe-diu para encostarmos o jipe mais perto da avioneta, pois ele precisava fazer uma “chupeta” na bateria, para poder dar a partida no avião.

Achei excelente o sistema.

Minha esposa inadvertidamente, perguntou o que poderia acontecer se a ba-teria “pifasse” em pleno voo.

Muito divertidamente, o piloto só disse: "Aí, madame, não haverá com que se preocupar.."

Não se esqueçam de que iríamos sobrevoar uma região de floresta fechada, e em poder dos rebeldes.

Decididamente reconfortador.

Felizmente, chegamos a Luanda sãos e salvos, apenas com ligeira alteração nos batimentos cardíacos.


Luanda merece um capítulo à parte.

Era uma cidade linda.

Muito bem cuidada.

Com inúmeros pontos de diversão.

Além dos encantos naturais da cidade, outras coisas chamaram nossa aten-ção, a começar pela gentileza especial que fomos tratados pelos patrícios portugueses.

Realmente, nunca é demais salientar esse detalhe.

Foi só correr a voz de que haviam brasileiros em Luanda, e começamos a ser procurados por eles.

Uma certa tarde, estávamos parados num ponto de ônibus, quando um cida-dão veio falar conosco, indagando se “nós éramos os brasileiros que haviam chegado do Congo”.

Ante nossa afirmativa, não teve dúvidas em colocar-se a nosso dispor para nos levar a conhecer todas as belezas de Luanda.

Jamais havia visto tanta gentileza.

Jamais poderei agradecer suficientemente o tratamento que nos foi dispen-sado.

Fomos convidados para sardinhadas, bacalhoadas, passeios.

Tudo pelo simples fato de sermos “os brasileiros que haviam chegado do Congo”.

Realmente impressionante.

E, sobretudo, inesquecível...

E para a viagem de volta, não houve necessidade de nenhuma "chupeta", mesmo porque o jipe havia ficado em Noqui, e nos levou a Kinshasa de volta...

(Nota da Redação)
Chegamos sãos e salvos, pois a bateria não pifou,
e assim posso estar contando a história,
e sempre desejando a todos UM LINDO DIA...

Marcial Salaverry



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