...E foram à luta... e ainda estão
lutando...
Ainda existe um certo machismo...
Fazer o que...
Ósculos e amplexos,
Marcial
Bem... já que nossas
heroínas começaram a luta, resolveram ir até o fim, malgrado a
oposição encontrada quase generalizada, inclusive mesmo de mulheres,
que não concordavam que se tentasse mudar aquele estado de coisas.
Seus pais, maridos
ou namorados criticavam toda e qualquer tentativa de conseguir
alguma coisa.
Eram boicotadas nas Faculdades ditas de “coisas
de homem”,
como Engenharia, Direito, Medicina.
Sempre eram direcionadas para Economia
Doméstica, Belas Ar-tes, Magistério, Música...
Enfim...
“coisas de mulher”.
Apesar dos boicotes.
Contra tudo e contra todos, foram à luta.
E foram conquistando seus espaços.
Mas tinham que matar aquele leão diário.
Para conquistar seu lugar no mercado de
trabalho, tinham que mostrar muita competência.
Muitas desistiram... mas a semente da revolta estava germinada.
Começaram a
“briga”
doméstica, tentando conseguir melhores condições dentro de seus
lares.
Devido ao acúmulo de funções,
sentiam a necessidade de con-tratar empregadas.
Os salários que ganhavam cobriam bem as
despesas extras que vinham surgindo.
Muitas tiveram êxito, pois contaram com a compreensão de seus
companheiros que, tendo uma visão mais aberta do que a maioria,
começaram a dividir responsabilidades, abrindo diálogo amistoso e
aceitando que as esposas também poderiam ter competência para cuidar
de muitas coisas que a maioria dos homens queria manter intocáveis.
E essas mulheres, em sua maioria,
mostraram que realmente “ti-nham
algo a dizer”.
Começaram a mostrar no mercado de
trabalho, que poderiam disputar postos com igual competência e
eficiência do que os homens, e que as restrições absurdas não tinham
porque conti-nuar.
Mas nem todas tiveram a
mesma sorte.
Uma grande maioria continuava
completamente castrada em seus direitos mais comezinhos.
Por incrível que possa parecer, conheci
diversos casos, em que os maridos sequer permitiam que as
esposas assinassem che-ques.
Que dirigissem carro, então, nem pensar.
Prevalecia a famosa expressão que muitos
enchiam o peito para dizer:
“Mulher minha é para cuidar de
casa”.
Essa expressão,
“Mulher Minha”,
nunca consegui digerir.
A situação era tão esdrúxula que, por
incrível que possa pare-cer, na década de 60, uma mulher casada
somente poderia viajar de uma cidade para outra, com autorização
escrita do marido.
Juro que é verdade.
Claro que essas divergências domésticas
começaram a trazer consequências, pois as mulheres queriam
porque queriam fazer valer os direitos conquistados.
Começaram a chegar à conclusão de que a
máxima que sempre gerira suas vidas, o famoso:
“Ruim com ele, pior sem ele”,
não expressava a realidade.
Se elas estavam conseguindo trabalhar fora, começavam a ser bem
sucedidas em seus empregos, por que deveriam continuar sendo
subjugadas em seus lares?
Tendo provado sua capacidade, mostrando ter condições de
sobrevivência, muitas muniram-se de coragem, e puseram fim a
casamentos castradores, querendo mostrar que realmente
tinham condições de viver por sua conta e risco.
Só que começaram a enfrentar outro problema sério, o da
discriminação que começou a ser feito, na época, à
“mulher
separada”.
Era discriminada por suas amigas ainda
casadas, que temiam por seus maridos.
Os homens, por sua vez, julgavam-nas
“disponíveis”.
Por ser
“mulher
sozinha”
toparia sempre qualquer parada.
Pelo menos essa era a ideia...
Realmente, a coisa ficou um pouco mais
complicada, ainda mais que muitas vezes, eram perseguidas pelos
“ex”,
que se achavam no incrível direito de vigiar seus passos para ver se
não
“prevaricava”.
Só mais recentemente esta situação
começou a se modificar, com as mulheres separadas e sozinhas, sendo
encaradas co-mo “pessoas
normais”,
e não como “Mulheres
a beira de um ataque de nervos”,
desesperadas para conseguir alguma compa-nhia masculina.
Claro que, como qualquer pessoa normal,
gostam e procuram companhia, mas, devido à experiência adquirida em
vivências anteriores, tornam-se naturalmente seletivas, não
desejando estar com alguém só para fugir da solidão, mas sim por
acreditar que aquela companhia lhe poderá ser agradável.
Podendo assim, ter seu
UM LINDO DIA.
Marcial Salaverry
Santos - SP
Fundo Musical: Allusions Candle And Rose |