Hoje encontrei o meu Tempo. Todo confuso. Sem jeito, confessou-se perdido, procurando se lembrar aonde combinara um encontro com a minha Velhice.
Irreverente, ironizei: - Esclerosou? Por um instante me olhou, surpreso, não acreditando que alguém pudesse satirizá-lo. O Tempo é muito sério, acho que nunca aprendeu a brincar.
Solícito, fingindo ajudá-lo,
inventei um lugar bem
longe. Disse-lhe: - Parece
que foi
lá
pelos
lados da
Barra... Mas vai com calma, sugeri; na sua idade não é recomendado correr, meu Velho Tempo...
Procura encontrar a Hora.
Especialmente a Hora do Prazer ou a Hora do Amor. Verá como elas passam rápidas... Se possível, bebe um chope e diz
que estou
com
saudade delas. Em especial a do Amor...
Evita, como puder, encontrar a Hora
da Verdade. Ela costuma ser grosseira, fria e, às vezes, nua e crua.. Normalmente não se dá conta de quanto nos fere tão profundamente.
Se encontrar o Minuto, ou mesmo o
Segundo, não os despreze. Em certos momentos possuem a força da eternidade.
Definitivamente gozador, recomendei
ainda:
- Se encontrar a Hora do Brasil, volta correndo para
me chamar. Até hoje ninguém a viu.
E assim ele se afastou, parecendo
mais perdido
do que quando chegou. Para alcançá-lo, aumentei
a voz e recomendei:
- Não se esqueça de pedir a saideira! É por minha
conta!
Como já ia a passos largos, na ponta
dos pés,
para melhor o ver entre as pessoas que também
caminhavam, completei:
- Só mais uma coisa. Vê se me esquece!!!
As pessoas que passavam, intrigadas
me olhavam.
Será louco?
Dei
aquele
sorriso de
menino sacana e,
satisfeito,
de
braços
dados
com a
Felicidade continuei a
caminhada...
Domingos Alicata
Rio de Janeiro - RJ - 09/06/2005
Fundo Musical: Noite dos mascarados
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