Tenho medo!

Recebi em 29/05/2018


Crônica escrita em 21/05/2014

Inicio esta minha crônica com imensa dificuldade em coordenar moderadamente os amargos e indignados sentimentos que trago su-focados no peito deste meu corpo diuturnamente massacrado e em minha aviltada alma. Tenho que domá-los num aflorar comedido para não atropelar o que pretendo expor ao meu paciente leitor.

TENHO MEDO do destino que terá a nossa Pátria após 5 de outubro próximo, TENHO MEDO do que poderão fazer com o sofrido povo brasileiro ao qual honradamente pertenço, TENHO MEDO do regime que nos será imposto após um plebiscito “arranjado” caso haja uma catastrófica reeleição, TENHO MEDO do obsoleto comunismo que irá imperar disfarçado de “socialismo”, TENHO MEDO de uma ignominiosa ditadura civil vedando nossos olhos, amordaçando nos-sas bocas e obliterando nossos ouvidos. TENHO MEDO da desfaçatez da mídia televisiva, escrita e falada nada tendo se manifestado contra a construção dos estádios, pensando nos lucros que vão ter com patrocínios e propagandas durante as transmissões dos jogos da Copa. Num inevitável entrechoque de sentimentos, TENHO ME-DO do meu amado Brasil vencer a Copa e o povo, empolgado com a glória conquistada, venha a se esquecer das amarguras pelas quais está passando, desvirtuar seu voto no repente de uma passageira alegria, custando-lhe mais quatro anos de inferno, quiçá ditatorial-mente, por maior tempo indeterminado.

A hediondez dos atos impensados, desequilibrados e inconsequen-tes praticados pelo atual governo, incapaz de realizar/construir um mínimo promissor e/ou satisfatório em troca dos escorchantes impostos arrancados da classe média por ele odiada, leva-me a TER MEDO de sermos arrastados mais para baixo do que estamos. O socialismo planejado por eles é a extinção da classe média, nive-lando todos à pobreza e, com isso, dominarem uma sociedade hu-milde e indefesa como soer em Cuba, Bolívia, Nicarágua e outros países oprimidos por sectários ditadores. TENHO MEDO de, num próximo amanhã, eu vir a ser distinguido com o direito a uma bolsa esmola ou cesta básica, ficando cerceado do sagrado direito de uma subsistência digna e honrada.

Sinto pena de qualquer que seja o próximo presidente eleito ao re-ceber a herança maldita que lhe será jogada às costas para recom-por a destruição perpetrada pelos recentes e atual (des)governos. TENHO MEDO dessas inidôneas urnas que serão portadoras de nosso sufrágio, acusadas veementemente de serem suscetíveis a falcatru-as em suas apurações, cujas denúncias foram ignoradas pelos atuais governantes que se mantiveram num conveniente e manco-munado silêncio, negando-se a que fossem feitas investigações a respeito das desconfianças que pairam sobre elas. Fácil de deduzir a razão de tal mutismo: uma vez provado que elas podem ser mani-puladas, como explicar a lisura de eleições passadas?

Quando rapaz a situação dos Brasileiros era bem diferente da atu-al, com um País em crescimento. Menos pessoas carentes existiam na época e a classe média (hoje odiada) era a maioria, mas um candida-to à Presidência da República, numa de suas declarações teria dito que não precisava dos votos dos “marmiteiros”. Era o digníssimo Brigadeiro Eduardo Gomes que perdeu votos suficientes para não elegê-lo, graças a essa verdade ou boato infundado.

Hoje, está evidente que a situação se inverteu, isto é: temos mais cidadãos carentes sofrendo duras penas em suas favelas do que os da classe média. Prova disso é aquela senhora que em sua verbor-ragia, incentivada por sorrisos e aplausos oriundos de uma plateia convidada e escolhida a dedo, aposta nessa minha premissa menos-prezando os votos da minoria, ou seja, da classe média, dizendo odiá-la. Segundo me consta, ela ganha um salário de R$ 15.000,00 mensais e ignoro a que classe pertença.

TENHO MEDO, não tanto por mim, mas pelo sofrimento porvir das inocentes gerações, se agora por elas não lutarmos para que tenham um futuro promissor e liberto dos grilhões de jugos autori-tários.

O tanto mais que inda tenho a dizer, guardarei para depois da Co-pa...

Ary Franco



Fundo Musical: Brasil - Waldir Calmon
 

 
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