A cada dia, ouço na televisão
a triste notícia de que mais um irmão nosso, depois da vã batalha de nossos
dedicados médicos, atende ao chamado de nosso Divino Deus Criador.
Quantas vezes esta ferida
será rasgada e sangrada em nossos cora-ções?
Quantos Familiares ansiosos
por um milagre, dormem em seus car-ros, na porta dos hospitais que abrigam seu
ente querido agoni-zante, na esperança de abraçá-lo em regozijo pelo seu
restabele-cimento ou, ao menos, num diminuto hiato de sua agonia, poder dar-lhe
um dorido adeus ou um “Estamos
aqui, não te abandona-mos, filho nosso querido.”
Quantas vezes um médico
cansado e vencido, assurgente, abre aquela porta para cumprir a melancólica
missão de anunciar aos que o aguardam do lado de fora, para dizer sobre a
partida de mais um que lutou até a exaustão de suas forças para alcançar sua
so-brevivência e não logrou êxito? Nesse nebuloso e dantesco momen-to, quantos
suspiram aliviados que não foi um dos seus e quantos mais pranteiam a triste
perda do filho, irmão, neto ou amigo. A solidariedade de conforto mútuo se faz
presente nesta nefasta ho-ra. É triste, muito triste!
Quantos mais ainda lutam em
seus leitos, cercados de cuidados mé-dicos e devendo sua sobrevida a vários
aparelhos que lhe dão o prolongamento artificial de suas vidas, na esperança de
uma mila-grosa recuperação, cuja decisão final está exclusivamente nas mãos de
nosso Deus?
Santa Maria continua em
perpétuo luto, repleta de voluntários so-corristas e anônimos querendo ajudar,
consolar, valer de alguma forma a todos os sobreviventes dessa inominável
tragédia e seus respectivos Familiares. A eles, curvo-me em respeito e
admiração pelo seu humanitário gesto em tão nobre missão. Que Deus os re-compense e gratifique com meritórias dádivas.
O Carnaval se aproxima e o
Brasil, falando mais alto interesses in-confessos, certamente usará do artifício
de colocar uma faixa preta no braço de cada folião, dizendo de seu falso luto!
Que se divirtam bastante nos desfiles de suas escolas de samba e que Santa Maria
se apiede de suas indiferenças!