Fragmentos de mim

Recebi em 14/04/2012


         Meu Onipotente Deus, como este Teu filho, mero pecador, pode interceder junto a seu semelhante, autor deste vandalismo gratuito, pedindo-Te: “Perdoai-os Pai, eles não sabem o que fa-zem”, assim como Jesus Cristo o disse e ensinou-me a fazer, quan-do sofrendo o martírio de Sua crucificação?

         Como posso aceitar e perdoar o ignominioso que praticou este barbarismo na sepultura de meus amados pais? A revolta que avassala meu peito, revela-me como estou distante de ser Teu fiel seguidor.

         Peço-Te perdão pelo pecado do sentimento que me invade neste momento, longe de entender a raça humana a que tenho ver-gonha de pertencer.

         Meu filho recolheu de sobre a lápide os cacos do retrato des-pedaçado em três pedaços e os trouxe para mim. Ato praticado na calada da noite, sem que eu possa entender o motivo que leva uma pessoa a praticar tamanha hediondez.

         Ajuda-me meu Pai a aceitar com bondade no meu coração a quebra do retrato de meus pais incrustado com tanto carinho em sua sepultura, jazigo perpétuo de minha família.

         Até que ponto podemos vilipendiar os sagrados ensinamentos e exemplos deixados por Teu filho para nós?

         Perdão meu amado Deus, pela ira que invade meu peito nes-ta hora! Dai-me forças para perdoar tamanha barbárie!

         Peço-lhes a benção meus pais. Outro retrato será colocado no mesmo lugar, onde, um dia, estará o meu a fazer-lhes compa-nhia. Que assim seja, amém!

Ary Franco
(O Poeta Descalço)




Fundo Musical: The Lord's Prayer
 

 
Anterior Próxima Crônicas Menu Principal