A Professorinha De Francês

Recebi em 18/10/2024
 


Depois de uma longa temporada no exterior, voltei para as festas de natal e final de ano.

Dentre algumas providencias que teria que realizar, fui até ao banco, onde mantenho uma conta regular.

Conversei com a atendente e disse-me que tinha que “pegar uma senha”, (já comecei a estranhar esses costumes brasileiros), o gerente da minha conta, cha-maria pelo meu nome.

Depois de algum tempo, ouvi o chamado e me aproximei-me da mesa.

Começou o diálogo, pedindo informações porque não comparecia regularmente para conversar, etc.

Ao ver meu extrato que me ofereceu rapidamente, fiquei sabendo que tenho descontado mensalmente, uma taxa para manter a conta, não sabia, pois tinha delegado a um parente; disse-me que para não haver o desconto, teria que fazer uma aplicação.

Falei, eu já tenho aí, é só verificar.

É um Brasil que até então não estava acostumado.

Enfim, ao sair da sala, fui abordado por uma pessoa na antessala que estava ali me esperando, por ter escutado o meu nome, anunciado pela secretária.

O Vendramini é você?

Lembra-se de mim?

Sou o Chicão, daqueles tempos do ginásio escolar?

Consegui lembrar, puxando pela memória do tempo.

Não sei se ficou sabendo por que não compareci mais na sala das aulas de fran-cês?

Lembra-se daquela professorinha?

Era uma “mulheraça”, não é mesmo?

- Então falei: Chicão meu velho, fiquei sabendo do acontecido posteriormente, pois nesse dia estava ensaiando na fanfarra da escola para o desfile do sete de setembro.

O RELATO DO CHICÃO:

Então começou a descrever aquela bela mulher, parece que o tempo não se apagou de sua memória, ditas por ele, como doces lembranças.

- Houve um dia que ela entrou na sala e logo meus olhos saltaram para a blusa meio que transparente, aparecendo o sutiã, com aqueles contornos rendados, comecei a ficar excitado, depois sentou-se à mesa para fazer a chamada, não havia frontal e lateral, e assim, dava para observar aqueles belos joelhos, con-tornados com uma saia preta justíssima.

- Ao levantar-se e virar para escrever os textos na lousa, notava-se as finíssimas meias, com aquelas costuras com um fio escuro, dava para ver a marca da cal-cinha sobressaindo na saia, era um panorama de enlouquecer.

Conforme escrevia com o giz, o atrito na lousa fazia meu coração explodir de excitação, suas ancas balançavam em um vai e vêm, fazendo todos arrepiarem, e alguns, soltavam “elogios” para aquela bela figura de mulher.

- Ao terminar o texto, chamou-me para fazer uma análise sintática, relutei em levantar, porque o meu circo estava armado e comecei a esconder o volume com as mãos.

Ela percebeu e fez que não enxergasse.

Na semana seguinte a cena se repetia, a saia era branca, mas o sombreado de uma calcinha vermelha transparecia sobre a saia, a blusa transparente, sempre mostrando o sutiã rendado.

Na análise da frase, ela fazia aquele “biquinho” para pronunciar as palavras em francês, e dizia que era assim que se devia fazer.

Toda à classe tremia, e ela percebendo o “frisson” da rapaziada, se fazia de ino-cente.

Como ela percebia que eu ficava sempre com o circo armado em baixo da car-teira, pediu para levantar, (para o meu desespero), não deu para disfarçar, o “zezão” ficou nervoso, foi um terremoto, ela saiu e foi chamar o Diretor.

Logo chegou e me levou pelas orelhas na Secretaria, chamou o meu pai e veio à expulsão da escola”.

- Bons tempos aqueles não foi mesmo Vendra?

É verdade respondi ao Chicão, e fui me desvencilhando da conversa.

Para a despedida, falou; você veio do exterior não é mesmo?

Percebeu alguma mudança por aqui?

Respondi que eram muitas e ainda mais com os poderes constitucionais se digla-diando em busca de notoriedade.

Falei que torcia para as coisas melhorarem, pois, os costumes são tão diferentes das situações vividas por mim lá no exterior.

Antonio Vendramini Neto
(Toninho)





 


 
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