Recebi em 10/10/2010

A Professora Nini

Quando completou a terceira muda de sua carapaça, Nini che-gou à idade adulta.

Tornou-se uma linda joaninha.

Suas asas ganharam um vermelho intenso e as bolinhas pretas eram tão pretas como as asas da graúna.

Continuava morando na casa que fora de dona Adelina.

Sua grande amiga partira para o céu das joaninhas, deixando Nini desolada.

Antes de partir, Adelina pedira a ela que cuidasse de sua casa e que fosse muito feliz.

A idade dela já estava avançada, seria muito egoísmo de sua parte querer a companhia dela eternamente.

Nini precisava pensar no futuro.

Como uma joaninha emancipada que se prezasse carecia ter uma profissão.

Mas fazer o quê?

Ela gostava de tantas coisas.

Poderia ser uma cantora...

Não tinha boa voz...

Uma pintora famosa...

Mas não sabia pintar.

Resolveu consultar seu grande amigo Samuel, que agora já esta-va casado com uma grila encantadora chamada Élen.

Nini fora madrinha do casamento e em breve seria madrinha do primeiro filho do casal.

Samuel mudara-se do antigo jardim.

Agora, morava numa casa maior, pois a família aumentaria em seguida.

Logo que tocou a campainha, Élen veio atendê-la:

_ Bom dia, Nini! – disse a grila abraçando-a carinhosamente.

_ Bom dia, Élen!

Samuel está?

_ Ele chegará logo!

Vamos tomar um chá a jogar conversa fora até que ele chegue!

Meia hora depois, Samuel chega em sua casa.

Fica muito satisfeito ao ver sua amigona.

_Nini, querida! – exclamou _ Quanto tempo não a vejo!

_ Meu amigo, preciso de tua ajuda!

_ Vou deixá-los conversando! _ disse Élen.

_ Preciso terminar a arrumação da casa.

Élen afastou-se e os dois puseram-se a conversar:

_ Em que posso ajudá-la, minha boa amiga!

_ Samuel, eu preciso ter uma profissão, mas não sei o que pode-ria fazer.

O grilo pensou alguns instantes.

Nini era uma criatura extremamente afetiva, inteligente e cria-tiva.

Daria uma excelente professora.

_ Professora, Samuel? - perguntou ela

_ Por que não, Nini?

Tens todos os predicados exigidos e gostas de crianças.

Nini ficou reflexiva por alguns instantes.

_ Tens razão!

Vou procurar uma escola de joaninhas professoras!

Nini despediu-se de Samuel e naquele mesmo dia foi matricular-se na Escola Normal para Joaninhas.

Foi um longo tempo de estudos e dedicação exclusiva, mas ela conseguiu seu objetivo: formou-se professora.

Após prestar concurso para a prefeitura, Nini foi nomeada.

Passou a lecionar numa pequena escola situada próxima à sua casa.

Quase não tinha tempo para si.

Dedicava-se com amor e carinho aos seus pequenos alunos.

Nini gostava de ser alfabetizadora.

Cada vez que ouvia um menino dizer suas primeiras sílabas, ela vibrava junto com ele.

Certo dia, Nini estava ensinado os números para as crianças; um, dois, três, quatro, cinco...

_ Professora, Nini! – chama por ela, Israel, um menino aca-nhado, que tinha dificuldades em entender a tal matemática.

_ Sim, Israel!

No que a professora pode ajudar-te?

_ Eu tenho uma dúvida?

_ Podes perguntar? – disse Nini aproximando-se do menino.

_ Professora, o seis é o de barriga para cima ou para baixo?

Primeiramente, ela não entendeu a pergunta, mas logo a ima-gem do número seis veio à sua mente e ela percebeu a lógica do menino.

_ O número seis tem barriga para baixo!

Respondeu ela sorrindo.

_ Obrigada professora!

Então, o número nove tem barriga para cima!

Os olhos do menino brilhavam com a descoberta e o coração de Nini batia ainda mais rápido pela felicidade de Israel.

Denise Severgnini


 

 
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