Mula sem cabeça
 


(Conto tirado de Folclore brasileiro)

Seu Justino era muito curioso, e sempre ouvia falar da tal de mula sem cabeça, aí falou pros amigos, sou um homem que não tenho medo de nada,  eu quero ver a cara dessa tal de mula sem cabeça que vocês sempre falam, não adiantou a esposa e os amigos pedi-rem para ele ficar em paz, seu Justino falou, hoje é quinta-feira e dizem que ela aparece é de hoje para amanhã, vou passar a meia noite no meio do mato.

Falam que se a gente conseguir enfiar um alfinete nela ou arrancar o seu cabresto ela se desencanta, então é hoje mesmo turma, seu Justino se embrenhou na mata e  lá pela meia noite ou-viu-se um relincho estridente e forte, começou arrepiar o corpo e perder as forças das pernas.

Daí a pouco mais próximo dele ouviu um gemido como se fosse de um ser humano e para surpresa imediatamente tudo clareou em sua volta e ele viu uma tocha de fogo enorme e gritou, misericórdia!

Quem é você?

Uma voz estranha gritou sou quem você procura, Seu Justino quis mentir, mas a mentira tem perna curta, e a mula falou você zombou de mim, sou a mula sem cabeça, tem gente que me acha tola e me chamam de burrinha, outros me chamam de cavalo sem cabeça e quem já ouviu falar do meu segredo me chamam de mula do padre, porque eu era uma mulher bonita e fui amante de um padre e fiquei desse jeito, porque eu perdi a cabeça pelo amor que eu tinha ao padre, e agora estou pagando meus pecados.

Olha, não costumo fazer isto para ninguém, mas vou te dar uma chance, você não é destemido e forte?

Então use as pernas e corra, porque em cinco minutos solto fogo e te consumo, dizem que o seu Justino arrumou força não sabe onde, saiu rolando, começou andar de joelho, o que se sabe é que chegou doente em casa, além do susto ainda levou um sermão da mulher que lhe disse: Ta vendo Tino, eu não te falei para não brincar com coisa séria.

Adaptado por
Valeriano Luiz da Silva em maio de 2004

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