João da Cruz e Maria das Dores
 


Será o destino ou o nome traz influência no viver, ou todos temos um cálice a beber durante a vida?


Ele nasceu poucos dias antes dos nove meses, pois o ônibus que sua mãe viajava caiu no rio e entre as vítimas fatais estava sua mãe, que ao chegar no hospital deu a luz e perdeu a vida.

Como no local do acidente foi colocado muitas cruzes seu pai deu-lhe o nome de João da Cruz.

Seu parto foi prematuro, nasceu aos sete meses de gestação, muito fraca e sua mãe teve dor inigualável.

Com isto sua genitora lhe deu o nome de Maria Fraqueza das Dores.

Um dia João da Cruz conheceu Maria das Dores na escola e se ca-saram.

Casal unido como este era difícil ter outro.

A dor de um era a tristeza pro outro, todos os dias à tarde ele vol-tava do serviço e trazia uma flor, um chocolate ou uma fruta pa-ra sua princesa, assim ele a chamava.

Deixaram de estudar, porém aprenderam o necessário para um ca-sal pobre enfrentar as lutas da vida.


João era robusto, porém Maria Fraqueza Das Dores sempre foi miú-da, franzina e acompanhada por médicos.

Todos os seus negócios, viagens, enfim era de comum acordo.

Um dia João disse que queria o consentimento de Maria para com-prar um carro, porque não queria ver mais sua princesa andar a pé, devido suas enfermidades, Das Dores disse: João, me deu uma dor no coração quando você falou em carro, tive um mal presságio, fi-que com a bicicleta e a vida continua.

Depois de muita insistência de João, Maria consentiu. Ele comprou um carro usado, mas bem conservado, saíram na primeira viajem para um passeio a um local de águas quentes, pois diziam que tinha poderes medicinais, assim ele queria ver Maria distrair-se, apreciar a natureza e voltar com mais saúde.

Voltando do passeio João perdeu o controle do veículo que bateu na entrada da ponte, há uns oitocentos metros pra chegar em sua casa, pois moravam na entrada da cidade.

João preso no cinto sangrou muito e faleceu ali mesmo.

Antes de chegar  o socorro Maria pegou um galho de árvore, dividiu em dois pedaços, amarrou  com arame em forma de cruz e pegou do sangue de João e passou na madeira.

João foi sepultado, deixando uma pensão razoável e um bom se-guro para Maria.

Maria começou a enfraquecer a mente e seu irmão foi seu pro-curador, recebendo tudo e depositando em nome de Maria, se tivesse saúde ela não passaria por necessidades, mas a debilida-de e fraqueza mental fizeram com que Maria todos os domingos às dezesseis horas mesmo horário em que João morreu voltasse à ponte e ficasse observando a cruz suja de sangue, mas apenas por alguns minutos.

Durante uns tempos seus familiares e vizinhos lhe davam assis-tência, porém ela não aceitava ninguém acompanhá-la até a cruz.

Quando a doença agravou, Maria ficou desprezada da família e vi-zinhos e era vista perambulando pela vila, mas aos domingos no mesmo horário ia até o local do acidente.


Certo domingo ela saiu mais cedo e voltou com a cruz, indo para detrás da casa e a vizinha ficou escondida observando o que ela fa-ria.

Ela com sua fragilidade fincou a cruz no chão, colocou umas flores próxima e também o terno de roupa e o calçado que João usava quando vinha da viagem, ajoelhou (Só movia os lábios, será o que dizia em sua oração?) e como a fraqueza era grande em minutos ela caiu e ali mesmo expirou.

Esta é a triste história de João da Cruz e Maria Fraqueza das Dores, morreram dando exemplo de amor.

Valeriano Luiz da Silva
Anápolis - GO - 07/01/2005


 
 
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