É fácil pensar que
a história humana se desenvolveu devido a cientistas geniais que
lutaram contra tudo e contra todos para vencer a ignorância e a
superstição gerais.
A verdade, no entanto, é muito
mais confusa, e muitas vezes mais engra-çada.
Alguns dos inovadores mais importantes da história tinham tanto
interesse em vodu quanto na ciência, e muitas vezes grandes
descobertas da huma-nidade ocorreram por acidente.
Confira, na sequência,
exemplos da combinação de gênio e louco que de-ram certo, e que,
querendo ou não, nos fizeram chegar até onde estamos hoje.
1. Newton
achava que a gravidade era algo mágico |
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Você não
precisa de nós para explicitar a importância histórica de
Isaac Newton.
Graças a ele, temos 300 anos de orientações sobre como o universo
fun-ciona, mais especificamente sobre como a gravidade nos mantém no
chão e os planetas em órbita.
Sem Newton,
não teríamos Einstein,
explorações espaciais e tantas outras coisas que, mesmo que não
percebamos, dependem diretamente da sua genialidade.
Apesar disso (ou justamente graças a isso),
Isaac Newton
também era meio louco.
E meio bruxo.
Ele não se envolvia apenas um pouco com magia negra:
Newton na verdade escreveu mais sobre segredos ocultos durante a sua vida do
que sobre a física – e sempre foi completamente obcecado por
encontrar a pedra filo-sofal.
Porém, foi na verdade a disposição de
Newton
para abraçar o espiritual e o oculto que preparou sua mente para a
elaboração da lei da gravitação uni-versal.
Newton nasceu em 1642 e, na época em que era adulto, todos os
grandes cientistas do momento tentavam se afastar das bobagens de
superstição da Idade Média.
O tempo da alquimia e da astrologia já eram, e toda doença, cor do
olho e marca de nascença no formato de Jesus poderia ser explicada
racional-mente, mesmo que a ciência moderna ainda estivesse
engatinhando.
Por isso, quando chegou a hora de explicar os movimentos de
planetas, tinha de haver uma explicação física que você pudesse
medir, ver ou pro-var.
Assim, do mesmo modo que as estrelas não
poderiam moldar as vidas pes-soais dos seres humanos na Terra, nas
mentes racionais da época não have-ria modo de o sol magicamente
influenciar os planetas a um zilhão de quilômetros de distância.
Toneladas de hipóteses formuladas por cientistas respeitados eram
apre-sentadas: talvez o universo esteja cheio de pequenas partículas
movendo os planetas, ou talvez cada planeta emita determinadas
ondas, ou espaço está cheio d’água e os planetas simplesmente boiam
nela.
Newton, no entanto, não entrou nessa onda.
Para ele, a ideia de “uma for-ça invisível” segurando e movendo os
planetas era tão natural quanto aprender a transformar chumbo em
ouro ou como usar a Bíblia para des-cobrir quando o mundo vai
acabar.
Então, quando ele testou todas as outras teorias de como os planetas
se moviam e nada deu certo, Newton decidiu atacar por conta própria
um pensamento inovador.
Talvez um “espírito não físico” estivesse fazendo todo o trabalho.
E eis que ele bolou a clássica equação
F=G.m1.m2/r².
Só que, em vez de chamar o que nós hoje
conhecemos como gravidade de “espírito”, ele usou o termo “força” e
deu à gravidade um nome derivado da palavra em latim para peso.
Mas ele nunca conseguiu explicar o que fazia (e continua fazendo) a gravi-dade funcionar.
Por isso, muitos cientistas da época refutaram sua teoria, porque
parecia ser apenas magia.
2. O Feng Chui
nos deu bússolas magnéticas |
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Antes de
termos GPS em nossos carros – e antes mesmo de termos carros – para
nos dizer em qual esquina virar quando precisamos chegar a algum
lu-gar, a humanidade teve que se contentar com nada mais do que
mapas e bússolas para orientar a navegação.
Entretanto, não subestime a grandiosidade da invenção da bússola.
Trata-se de uma tremenda melhoria em comparação com, bem, tentar
navegar seguindo as estrelas em uma noite chuvosa.
Ou seja, sabendo como a bússola funciona – o ponteiro apontando para
o polo sul magnético da Terra, que coincide com o polo norte
geográfico (lembra?) -, quem a inventou deve ter sido algum tipo de
gênio da nave-gação, certo?
· Como os animais
navegam pelo campo magnético da Terra
Que nada.
Os chineses originalmente utilizaram a bússola como uma ferramenta
para organizar suas casas de acordo com o feng shui.
Você conhece a ideia: ajeitar seus móveis para que as boas energias
pos-sam fluir livremente pela casa.
O ponto é que muito antes de alguém ter o interesse de explorar e
con-quistar novas terras, os chineses queriam mesmo era viver em paz
com o meio ambiente.
Para eles, uma convivência pacífica com a natureza significava
construir suas casas alinhadas ao eixo norte-sul, coisa em que as
construtoras atuais também estão muito interessadas.
Só que, para isso, os chineses utilizavam uma colher em um prato.
A colher era feita de magnetita e representava
a Ursa Maior, a placa de bronze simbolizava a Terra e o círculo na
placa era o céu.
Dessa forma, a colher giraria em torno da placa, seu cabo sempre
apon-tado para o sul e, consequentemente, a outra extremidade sempre
para o norte.
Outra versão da mãe da bússola era feita com um peixinho de madeira
que flutuava em uma bacia d’água – uma agulha de metal dentro o
peixe o fazia apontar para o Norte o tempo todo.
Foi só depois disso que os exploradores e
marinheiros pensaram quão útil seria utilizar esse mesmo conceito
para não se perderem, nem morrerem de fome durante expedições.
E, com isso, o mundo mudou para sempre.
3. A procura
chinesa pela imortalidade resultou na invenção da pólvora |
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Antes de se
tornar a segunda maior economia do planeta e o próximo país na fila
para dominar o mundo, a China já inovava ao apresentar à huma-nidade
a pólvora, o princípio de tudo que explode hoje em dia.
Embora seja verdade que os chineses inventaram o que viria a ser uma
im-portante fonte de destruição, eles não estavam necessariamente procu-rando por uma maneira de explodir seus inimigos.
Na verdade, os cientistas locais pretendiam encontrar a chave da
imorta-lidade.
A realeza chinesa da época possuía um humilde
objetivo:
viver para sem-pre.
Por centenas de anos, os alquimistas do país foram incumbidos com a
tarefa de criar um medicamento que desse a vida eterna, amém.
A procura começou com metais básicos, como o ouro e o mercúrio.
As coisas começaram a ficar interessantes quando os alquimistas
estuda-ram enxofre e, particularmente, sua mistura com salitre (nome
dado aos sais nitrato de sódio ou o nitrato de potássio) e mel seco.
“Alguns aqueceram enxofre, realgar [composto de sulfureto de
arsênio] e salitre com mel; resultando em fumaça e chamas, de modo
que suas mãos e rostos foram queimados, e até mesmo toda a casa onde
eles estavam trabalhando foi queimada”, diz um relato de 850 d.C.
A partir daí, não demorou muito para que um
inteligente alquimista des-cobrisse que a partir dessa combinação
explosiva poderiam ser feitos ob-jetos que se lançassem para o céu e
lá explodissem, criando um fantásti-co efeito colorido.
Também não se passou muito mais tempo até que um esperto militar
li-gasse os pontos e começasse a usar a pólvora para assassinar
inimigos.
4. Urano foi
descoberto na busca por homens lunares |
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Terceiro
maior planeta do sistema solar, o distante Urano foi descoberto pelo
músico
William Herschel
em 1781.
O que tornou a descoberta possível foi um telescópio de 7 metros (proje-tado
pelo próprio Herschel) e construído com a ajuda de sua irmã
Caroli-ne, em seu quintal.
Aliás, essa tinha sido a primeira vez que um planeta era encontrado
com a utilização de um telescópio.
A versão de Herschel mais tarde se tornou o modelo padrão para quase
todos os telescópios modernos.
· Erupção em Urano
excita astrônomos
Resumindo, o compositor alemão e sua irmã
cantora projetaram e cons-truíram o pai de todos os telescópios
espaciais com suas próprias mãos, em seu tempo livre, basicamente só
porque eles queriam um.
Lembre-se disso mais tarde quando você acabar dormindo com a TV
ligada porque está com muita preguiça de se levantar e procurar o
controle remoto para desligá-la.
No entanto, Herschel tinha um real interesse
para possuir um incrível te-lescópio no quintal de casa.
O que realmente o estimulou foi a sua certeza, absoluta, de que a
lua es-tava cheia de homens lunares, pessoas como nós que no fim do
endereço escreviam “Lua”.
Sabe aquelas manchas arredondadas na superfície do nosso satélite
natu-ral?
Sim, de acordo com o
Herschel, aquilo eram cidades, que ele
acreditava ser possível ver com um grande e poderoso telescópio.
Quanto mais
Herschel olhava para a lua, mais a lua se parecia com a
Ter-ra (para ele).
Eventualmente,
Herschel concluiu que todos os
planetas abrigam vida.
Marte tinha montanhas, oceanos e estações do
ano e cada estrela que ve-mos provavelmente hospedaria milhares de
planetas similares à Terra, que por sua vez abrigariam milhares de
seres humanos.
Falando em estrelas,
Herschel não podia ver por que não devemos
acre-ditar que há pessoas vivendo no próprio sol.
Em sua mente, o que nós pensamos ser o sol, na verdade, são apenas
nu-vens alaranjadas que cercam uma esfera perfeitamente habitável.
As manchas escuras no sol são apenas buracos nas nuvens, que nos
possi-bilita dar uma olhadinha na casa dos solarianos.
Ah, ele batizou as pessoas que moram lá de solarianos.
5. O fundador
da medicina moderna era doido varrido |
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Enquanto as
pessoas têm usado remédios naturais desde o início dos tem-pos, a
ideia de tomar uma pílula produzida sinteticamente é relativa-mente
nova.
Afinal, uma coisa é mastigar algumas folhas de coca porque você acha
que elas têm a capacidade mágica de curar suas cólicas menstruais;
outra é separar e misturar produtos químicos criados artificialmente
com o objeti-vo de resolver o seu problema.
Por esse salto gigante no pensamento médico, podemos agradecer a um
médico suíço do século 16 chamado Paracelsus. ( Além disso, ele
afirmou ter criado uma pequena pessoa usando esperma e cocô de
cavalo. Você pode agradecê-lo por isso também.)
Antes que você o crucifique
pela experiência inovadora citada acima, Paracelsus (pseudônimo de Phillipus Aureolus Theophrastus Bombastus von Hohenheim) realmente
foi o primeiro a ter o pensamento genial de que as doenças podem ser
causadas por agentes externos, e que esses agentes podem ser
corrigidos com a medicação certa.
Essas duas grandes inovações abriram caminho para tudo, desde
modernos antibióticos a pílulas para emagrecer.
Paracelsus também acreditava
que o corpo humano era um pequeno mi-crocosmo perfeito de todo o
universo.
Segundo ele, não apenas somos feitos dos elementos que compõem as
ga-láxias, mas os sete planetas conhecidos e os sete metais sabidos
à época são representados pelos sete grandes órgãos do corpo.
E uma boa notícia: se os venenos do espaço são o que causam doenças
no interior do nosso corpo, os elementos do espaço também podem
curar nossas enfermidades.
Bem… isso ainda não foi comprovado.
Mas ele não parou por aí.
Partindo da sua forte crença de que o corpo humano é feito do mesmo
material que o resto do universo, ele pensou que poderia construir o
seu próprio ser humano com os materiais corretos.
E foi o que ele fez: cozinhou um pouco de esperma em um tubo de
en-saio, colocou a solução dentro de uma pilha de esterco de cavalo
e deixou descansar durante quase dez meses.
Ao fim do experimento, ele alegou realmente ter produzido uma pessoa
igualzinha a nós.
Em outro incidente, Paracelsus
convocou uma reunião com os acadêmicos de sua cidade com o anúncio
de que ele tinha o segredo mais importante de todos os tempos para
compartilhar.
Ele apresentou-lhes uma tigela fumegante de coco humano.
Enquanto os distintos cavalheiros saíam correndo, Paracelsus
gritou: “Se vocês não
querem ouvir sobre os mistérios da fermentação pútrida, vocês são
uma vergonha para todos os médicos!”.
Colaboração da amiga Maria Teresa (Portugal)
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