Seis coisas que Gleisi deveria saber sobre a Ditadura na Venezuela

 

Fonte: MSN – 11/01/2019
 
 

Nicolás Maduro

Foto AP/Ariana Cubillos

© ASSOCIATED PRESS O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, cumprimenta os convidados após prestar juramento na Suprema Corte em Caracas, Venezuela, quinta-feira, 10 de janeiro de 2019. Maduro foi empossado para um segundo mandato em meio a apelos internacionais para que ele renuncie e a uma devastadora crise econômica.


A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, justificou a sua presença na posse do ditador Nicolás Maduro nesta quinta-feira (10) afirmando que a eleição na Venezuela aconteceu de acordo com as regras constitucionais vigentes e enfrentou candidaturas de oposição legítimas.

Segundo a petista, é preciso reconhecer o voto popular pelo qual Maduro foi eleito.

De acordo com a Folha, Hoffmann encontrou-se com o ex-presidente Lula em Curitiba para tratar da viagem.

Maduro foi eleito em maio com 67% dos votos.

O processo eleitoral é acusado de fraudes e 75% dos venezuelanos reprovam o governo.

Veja o que Gleisi e o PT não entenderam sobre a ditadura na Venezuela.

1. A contestada reeleição de Nicolás Maduro

Nicolás Maduro é visto não só pela oposição, mas por diversos governos, como um ditador, apoiado pelos militares.

Maduro, que toma posse nesta quinta-feira (10), diz ser um “presidente democrático” e afirma que o país é “vítima” dos Estados Unidos e da “guerra econômica da direita”.

A eleição ocorreu em maio na Venezuela.

À época, Maduro era reprovado por 75% da população e o processo eleitoral foi acusado de fraudes, com denúncias graves de compras de votos.

Houve tentativa de boicote e 54% da população não compareceu às eleições - o maior índice de abstenção da história do país.

O resultado também foi questionado pela comunidade internacional.

O candidato derrotado da oposição, Henri Falcón, denunciou mais de 350 violações às regras eleitorais e afirmou que não reconheceria o resultado das urnas.

Ele chegou a exigir novas eleições.

De acordo com Falcón, houve pressão, chantagem e abuso do voto assistido, que é o uso de acompanhante para ajudar o eleitor na hora do voto.

Maduro teve 67,7% dos votos contra 20,93% de Henri Falcón.

Outras lideranças da oposição foram impedidas de concorrer, seja porque estavam presos ou exilados ou porque foram proibidos de concorrer a qualquer cargo.

Nicolás Maduro

© ASSOCIATED PRESS Nicolás Maduro toma posse em Caracas, na Venezuela.

2. Por que a Venezuela pode ser considerada uma ditadura


Desde 2013, quando Nicolás Maduro assumiu o poder, ele tem reprimido com violência manifestações de venezuelanos indignados com a situação do país.

Soma-se a isso a limitação da liberdade de imprensa e a prisão de opositores.

Em 2017, um relatório da ONU sobre a situação do país afirmou que a democracia na Venezuela estava à beira da morte” e concluiu que o governo havia abusado do uso da força para se manter no poder.

No mesmo ano, o presidente destituiu o Parlamento, que era composto por maioria opositora, e convocou uma Assembleia Constituinte paralela sob o argumento de “resolução da crise”.

A Constituinte adiantou as eleições e o Legislativo teve os seus poderes suprimidos.

Diante desse cenário, países como Estados Unidos, Canadá e algumas nações da União Europeia impuseram sanções ao governo venezuelano que é acusado de corrupção e violações de direitos humanos.

Usurpador

© ASSOCIATED PRESS Na Venezuela, 87% da população vive em situação de pobreza.

3. A crise na Venezuela e os protestos violentos

Há quase seis anos, a Venezuela sofre com ondas de protestos violentos, que deixaram centenas de mortos.

O país também enfrenta uma grave crise socioeconômica devido à queda do preço do petróleo, aos altos gastos do governo, à corrupção e ao isolamento internacional.

Dados oficiais do país mostraram que, em 2018, 87% da população vivia em situação de pobreza. Para tentar driblar a crise, o governo buscou supervalorizar a moeda venezuelana, mas isso provocou distorções de valores que causaram uma crise de desabastecimento e contribuíram para um cenário de hiperinflação.

Em 2016, o ápice se deu com a escassez de medicamentos, o que levou o Parlamento a decretar “crise humanitária” no país.

4. População enfrenta fome e desabastecimento

A situação não melhorou nos últimos meses. Em 2017, 64% dos venezuelanos perderam cerca de 11 kg por causa da fome, segundo uma pesquisa realizada pelas Universidade Central da Venezuela, a Universidade Simón Bolivar e a Universidade Católica Andrés Bello.

Um relatório publicado pela FAO em setembro de 2018 afirmou que 11,7% da população não tinha acesso a alimentos.

A porcentagem corresponde a 3,7 milhões de pessoas.

Outro levantamento realizado pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos, em fevereiro de 2018, concluiu que cerca de 70% das crianças de até 5 anos estão gravemente desnutridas.

Isso levou mães a abrirem mão da criação dos filhos e serem forçadas a entregá-los para autoridades ou famílias mais ricas.

Centenas de pessoas moram nas ruas. A busca por comida em lixos é comum nas cidades.

5. Emigração em massa de venezuelanos
© ASSOCIATED PRESS:
Mais de 30 mil venezuelanos passaram a viver no Brasil.

Apagões de energia elétrica, hiperinflação, desemprego em massa, desabastecimento de comida, água e medicamentos e dificuldade de acesso a serviços de saúde levou à emigração em massa de venezuelanos.

De acordo com a ONU, cerca de 3 milhões de pessoas deixaram o país.

Mais de 30 mil venezuelanos cruzaram a fronteira para o Brasil em busca de melhores condições.

6. Militares são presos e torturados acusados de conspiração

Na última quarta-feira (9), a organização Human Rights Watch em parceria com a ONG Foro Penal, lançou um relatório em que mostra que os serviços de inteligência e as forças de segurança na Venezuela prenderam e torturaram militares e suas famílias que foram acusados de “conspirar contra o governo”.

De acordo com o documento, estariam sendo usados golpes, tentativas de asfixia, descargas elétricas, privação de comida e de acesso a banheiros.

A justificativa de Gleisi Hoffmann
para comparecer a posse

Em comunicado oficial, o PT argumentou que a presença de Gleisi Hoffmann na cerimônia de posse de Nicolas Maduro é “para deixar claro que não concordamos com a política intervencionista e golpista incentivada pelos Estados Unidos, com a adesão do atual governo brasileiro e outros governos reacionários.

Bloqueios, sanções e manobras de sabotagem ferem o direito internacional, levando o povo venezuelano a sofrimentos brutais.

De acordo com a petista, a posição agressiva de Bolsonaro contra a Venezuela contraria a tradição diplomática do Brasil e é “inaceitável que se vire as costas” quando uma nação enfrenta dificuldades.



 
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