Conhecida também como
Suindara, a Rasga Mortalha é uma coruja que possui fama de
agourenta.
Em algumas regiões,
principalmente no norte e nordeste do Brasil, acredita-se que quando
essa ave passa por cima de alguma casa soltando um ruído semelhante
a um pano sendo rasgado, é sinal de que algum morador por ali está
perto de morrer.
Essa crendice teve início a
partir de uma antiga lenda.
Conta-se que tudo começou com
uma jovem de trinta e cinco anos de idade, um pouco gorda e de pele
muito branca.
A jovem se chamava Suindara,
trabalhava como
carpideira
(mulhe-res com mais de trinta
anos que eram pagas para chorarem em velórios e cemitérios)
e era filha de um temido feiticeiro chamado Eliel.
A
jovem Suindara
era muito inteligente e respeitada na sua comu-nidade, todos
a conheciam como Coruja Branca.
Suindara
levava uma vida normal, exceto pelo fato
de ser carpi-deira.
Os problemas da jovem
iniciaram quando ela começou a namorar as escondidas com um rapaz
chamado
Ricardo,
que era filho de uma condessa
chamada Ruth.
A condessa era conhecida por
sua rigidez e era muito preconcei-tuosa.
Se o romance de Suindara e
Ricardo fosse descoberto,
jamais seria aceito pela condessa, mas Ruth acabou descobrindo e
arquitetou um plano malévolo para acabar com a relação dos dois.
A condessa mandou que sua
empregada Margarida entregasse um bilhete para a carpideira dizendo
que contrataria os seus serviços e para isto seria necessário que as
duas se encontrarem atrás de uma cripta azul, que ficava no local
mais afastado e escuro do cemitério.
Assim que Suindara chegou no
local combinado foi assassinada por um empregado de Ruth.
Todos lamentaram muito quando
ficaram sabendo da morte da jovem, a enterraram em um luxuoso
mausoléu e para homenageá-la esculpiram uma enorme
Coruja Branca no meio da sua
cripta.
Eliel, utilizou as cartas de
tarô e acabou descobrindo que a ver-dadeira assassina de sua filha
era a condessa da aldeia.
Foi aí que ele resolveu
executar um poderoso ritual para se vingar da assassina.
Eliel foi até o túmulo de sua
filha e executou sua magia.
O espírito da moça penetrou na
enorme estátua de coruja branca e fez com que ela criasse vida
própria.
A coruja saiu voando pela
aldeia e foi até a sacada da janela do castelo onde dormia Ruth,
começou a piar um canto estranho, se-melhante ao som de roupa de
seda sendo rasgada.
Durante toda a noite a aldeia
ouvia assustada o som aterrorizante da ave.
No dia seguinte a condessa
amanheceu morta e suas roupas de seda foram encontradas rasgadas,
como se alguém as tivesse corta-do.
A partir desse evento, a
coruja começou a soltar seus gritos ater-rorizantes sempre que
alguém estava perto de morrer na aldeia.
Até hoje as pessoas ainda
temem quando a
Rasga-mortalha sobre-voa suas
casas soltando gritos, pois
bom sinal não é.
Existe até um contrafeitiço
para a maldição da coruja, são palavras que se diz para afastar o
agouro do animal:
Aqui não tem tesoura nem pano,
não tem ninguém morando aqui.
Eu mesmo já testemunhei morte
de gente que
foi agourada pela
Rasga-Mortalha, pode até ter
sido coincidência, mas quem sou eu para duvidar?!