Xangô era rei de Oió, o mais temido e
respeitado de todos os reis.
Mesmo assim, um dia
seu reino foi atacado
por uma grande quantida-de de guerreiros que
invadiram a cidade
violentamente, destruindo tudo e matando soldados e moradores
numa tremenda fúria assassi-na.
Xangô reagiu e lutou bravamente durante
semanas.
Um dia, porém, percebeu que a guerra
tornara-se um caminho sem volta.
Já havia perdido muitos soldados e a única
saída seria entregar sua coroa aos inimigos.
Resolveu então procurar por
Orunmilá e pedir-lhe um conselho
para evitar a derrota quase certa.
O adivinho mandou que ele subisse uma
pedreira e lá aguardasse, pois receberia do céu a iluminação do
que deveria ser feito.
Xangô subiu
e quando estava no ponto mais alto do terreno
foi toma-do de extrema fúria.
Pegando seu Oxê,
machado de duas lâminas, começou a
quebrar as pedras com grande violência.
Estas ao serem quebradas,
lançavam raios tão fortes
que em instan-tes transformaram-se em enormes
línguas de fogo que, espalhando-se pela cidade,
mataram uma grande quantidade de guerreiros
inimigos.
Os que restaram,
apavorados, procuraram os soldados de Xangô e renderam-se imediatamente pedindo clemência.
Levados até ao rei, os presos elegeram um
emissário para servir-lhes de porta voz.
O homem escolhido foi logo se atirando aos
pés de Xangô.
Desculpou-se pedindo perdão.
Humilhando-se,
explicou que lutavam,
não por vontade própria, e sim forçados por um monarca,
vizinho de Oió, que tinha um grande ódio de
Xangô e os martirizava impiedosamente.
Xangô, altamente perspicaz, enxergou nos
olhos do guerreiro que ele falava a verdade e perdoou a todos,
aceitando-os como súditos de seu reino.
Assim tornou-se conhecido como o
Orixá Justiceiro que perdoa quando
defrontado com a verdade, mas que queima com seus raios os
mentiro-sos e delinquentes.
Pub 2016