Frias Madrugadas
Nas frias madrugadas, de meu próprio olvido
(parecendo por vezes sufocar no meu próprio
vómito) deixo-me aí ficar, adormecido
para não acordar a besta e seu repertório.
Heras sobre heras, passam apressadas,
com pressa de chegar a todas as paredes
Onde emaranhadas – trespassadas,
tentam deitar, fora do barco, as redes,
do lixo de nossa luxúria, a mear-me a cabeça.
Serei sonâmbulo, ou, antes que amanheça
olhos semicerrados, nas frias madrugadas,
a claridade já fira os olhos meio coberta;
Não podendo abrir mais, para que não feneça
e a cegueira possa ser uma realidade cruel.
Jorge Humberto
Santa Iria da Azóia - Portugal - 03/07/2021
* Por decisão do autor, o texto está escrito de
acordo com a antiga ortografia. |