Vida fácil


Um dia Maria também assim julgada
mesmo vivendo uma vida de castidade,
padecendo das más línguas toda maldade,
tanto pelos seus como toda sociedade.

Algumas mulheres, crianças, moças, novatas
do trabalho nada mais conseguem fazer,
pois ainda na sua infância, vida muito ingrata,
aprenderam com os pais, bem cedo sofrer.

Poderemos, por acaso, agora julgar,
conscientemente o difícil verbo amar?
Perguntemos-nos sinceros ao coração.

Neste mundo cheio de dor, medo e de aflição,
se é fácil viver dentro desta profissão?
No entanto, perdoar, faz parte do verbo amar.


Uma história banal da vida fácil

Vou contar a vocês uma história, comum nos dias de hoje, e que, muitos de vocês desconhecem a realidade.

Trabalhando como assistente social, fazendo parte da diretoria de uma entidade tive o desprazer de conhecer um mundo o qual mui-to fez sofrer a minh'alma.

As mulheres de rua da Praça da Luz.

Lá, nesta casa onde oferecia-se, banho, a oportunidade de roupa lavada, uma refeição diária, remédios, preservativos inclusive, en-sinava-se algumas prendas como elaboração de trabalhos manuais, os quais muito poucas tinham a capacidade e fazer algo aproveitá-vel.

Um dia com uma menina mirrada em meu colo, nove anos, corpi-nho franzino, perguntei o que ela fazia ali.

Estou com minha mãe... Dizia ela.

Assustada com o fato de uma mãe ter levado a menina para aquele lugar fétido, nojento, continuei assim mesmo indagando o porquê de uma menina naquele lugar.

Vim a saber que a 
menina, aquela criança em meu colo, era também uma prostituta como todas as outras mulheres, moças ali presentes.

Meu coração de mãe estava despedaçado ao ver aqueles olhos que deveriam conter a inocência, já contaminados com a maldade do mundo.

Perguntei a mãe porque ela levava a sua própria filha  para esta vi-da, pois no meu entendimento, Mãe, é o ser que nesta vida nos acarinha, nos ajuda a crescer, viver, nos protege do mal do mundo, nos orienta, e naquele momento percebi que isto ali, era somente uma demagogia, pois a mãe desta pobre menina, como todas as outras, que por este  mundo se multiplicam, me disse: -
Eu quando deito com um homem, eles me pagam a mísera quantia de um real e à ela pagam dois...

Renate Emanuele
São Paulo - SP - 05/06/2003



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