Marcas do tempo
Renate Emanuele
Não olhes para minhas mãos cansadas Elas só marcam o tempo que eu vivi
Nem contornes as rugas que não pedi Lembranças de lágrimas derramadas
Estas mãos denotam toda a aspereza No esforço do trabalho que já fizeram
Lembra-te porém do carinho que deram E quando elas te tocaram com leveza
O carinho que hoje posso te oferecer Jamais outrora tão suaves elas seriam
Pois estas mãos que agora te acariciam Trabalhavam desde cedo ao anoitecer
Não repares meus olhos turvos agora Falam das alegrias dos doces amores
Na juventude foram reais primores Que o tempo um dia levou embora
Não olhes ;meu andar trôpego, vagaroso Procure neles o sinal da fé e a devoção
Pois meus joelhos dobrados em oração Pedem também por ti ao Deus amoroso
Do viço não retenhas tua vista a falta Que o tempo insiste em mim estampar
O que deve o ;teu coração contemplar É a beleza que o próprio tempo exalta
A sabedoria que a prata no cabelo faz Só o tempo corrido pode nos ensinar
Paciência o tempo pode acrescentar Nos valores que nos transmitem a paz
Fundo Musical: Serenata - Schubert
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