Hoje que os anos já me humanizaram Estou mais apta a tocar o meu violino Com sensibilidade e muitíssimo amor, Até com paixão por meu lindo relicário Que é a música emanada das suas cordas Quando o arco passa e os dedos repassam, Ora suavemente, ora com maior vibração, Nas notas que vão saindo do meu coração. Meu violino que sempre foi um sonho Que veio a se concretizar já na maturidade, Dizem os amigos que ele é na realidade A viva representação do falo simbólico, Uma falta que no ser humano está envolta Nas relações infantis, relações objetais. Freud explica a questão fálica em nós, Envolvendo o corpo, simbolizado na voz Paterna que barra a questão do incesto. Tudo isto simbolizado, estamos eleitos A uma nobre vida musical e cultural. Violino do meu desejo que é sem igual. Suas cordas vibram, gemem e choram, Nos meus sentimentos elas exploram O mais sutil do meu ser, a intimidade Intima que às vezes é inominável... Misturam-se sentimentos e doces sonhos, Os dias com você são bem mais risonhos, Meu querido violino de erudita tradição. Você é no meu mundo, uma doce inspiração. Ninita Lucena Natal - RN |