Será a beleza uma tirania? Depende de qual beleza Estejamos a visualizar... Existem belezas e belezas: Que beleza e a natureza, No entardecer do sol Que estendo o seu arrebol No avermelhado esplendor; Temos a beleza do mar Com suas ondas a beijar A areia, quebrando para cá E para lá no seu retornar; A beleza do firmamento Que proclama sentimentos A quem no silêncio contempla Uma noite de lua cheia Deitado na fria areia. Mas no reverso da medalha Vamos contando as falhas De um sistema capitalista Que vai traçando as suas pistas Para outro tipo de beleza, Tirana, desumana e consumista. Vemos nossos adolescentes Em conflitos, buscando pistas Sem parâmetros que consistam No suporte quando reeditam Seus muitos conflitos interiores, No recalcado vêm suas dores. O próprio Nome-do-Pai Esgarçada está em tons globais. Não há ordem, não há lei, Prevalecendo a insensatez De em outros espaços buscar Preenchimento dessa falta Que ficou em algum lugar Do inconsciente e, ao reeditar, Não consegue mais controlar Revertendo-se em tirania Que se chama, às vezes, “bulimia”, Que vai adoecendo o corpo, Magro, esguio, quase morto, Em nome da beleza tirana Com a cara de desumana Nessa irmanada patologia, Que outras vezes é a anorexia. Na adicção, em duas vias, Compromete o estado pessoal, Repercutindo no mundo social Nessa onda de violências Que vai abalando as crenças No futuro da humanidade Cuja cor é a da maldade E o mal vai se estampando Nesta pós-modernidade. Onde andará o amor Que traz força e vigor? Poder que pode eliminar As drogas e reorganizar A vida, o mundo interior. Ninita Lucena Natal - RN |