Pensando alto


Cheguei, sai, fui, fiquei
Neste “setting” que me mexe,
Coloca-me pelo avesso, remexe-me,
Do latente ao manifesto,
Cem mil voltas aqui eu dei
Revirando o meu passado.
Falo, repito, às vezes, de bom grado,
Mas, às vezes, a gente repete
Com o desejo de se vingar,
Dar murros, jogar tudo para o ar.
O analista, este estranho,
Que odeio e amo em tal tamanho
Que me faz sufocar, na ambivalência.
Não entendo esta ciência
Chamada de Psicanálise,
Venho aqui fazer análise,
Expor-me e me desnudar.
Fico entre o amar e odiar
Mas não encontro o meu lugar.
Às vezes, sinto-me um peixe
Fora d’água – como um feixe
De coisas estranhas
Em um mundo também estranho.
Dizem que é o inconsciente,
O outro que está dentro da gente.
Meu analista parece tão importante,
Escuta-me a todo instante,
De vez em quanto dá uma de mudo,
Pouco fala e só me escuta.
Diz que faz pontuação
Mas eu não sei o que é isso não.
São tantas as emoções!
Às vezes, choro, outras vezes rio.
Isto é que é desafio!
Não consigo me afastar,
Tenho necessidade deste lugar.
Até que eu estou bem!
Não se se isso me convém
Pois eu tenho até saudade
Daquela outra realidade,
Quando todos me davam atenção
Pelas minhas “doideiras” e compulsão.
Eu repito, repito e repito,
Ninguém tem nada com isso.

Ninita Lucena
Natal - RN


 
 
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