MENINO DE MORRO...
MENINO NA RUA...
Nídia Vargas
Potsch
Infância sem tréguas,
dorida.
Apanha da Vida,
ardida.
Apanha do Mundo,
imundo.
Sem sorte, sem sina, sem
disciplina...
Vagueia pra lá e pra
cá,
dedos sujos de cola, de
nicotina.
Vende balas na
esquina,
joga bolinhas no
sinal,
com nariz de palhaço no rosto
frágil.
Até quando? Não aguentar
mais?
Ou partir para... segundo alguns
do meio, uma
"Melhor"?
Sobe ladeira, desce
ladeira,
leva cartas, traz
bilhetes,
por uns poucos
trocados,
banca o menino de recados...
Solta pipa na
laje,
faz cerol, joga gude no
quintal.
Mas o tempo de ir pra
escola
ninguém vê, nem se interessa...
Escola é coisa pra rico,
berra o padrasto, pinguço:
--Vai trabalhar
vagabundo!
E lá vai o franzino menino,
sem nem um pão dormido
comer,
esmolar no sinal
pra sobreviver...
* * *
Rio,
11/03/2009
Fundo Musical:
Gente Humilde
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