Olho d'água


Camuflada, asfixiada,
Nas entranhas da terra mãe,
Decidi me rebelar e à tona aflorar.
Fui surgindo gota a gota...
Clara cristalina.
Tomo a forma de fonte,
Assim...tua sede vou saciar.
Querendo ainda agradar, virei lago!
De sentimentos represada.
Não quero viver assim... rompo as barreiras...
Jorro... sou cachoeira...
Novamente tentam, minha fúria represar,
Terei que abastecer, aldeias, cidades...
Transformaram-me em simples riacho.
Sigo meu curso... cansada,
Quase sem vida...
Deságuo num grande rio,
Sinto-me mais protegida!
Busco uma força maior,
Vou rolando sobre pedras,
Até no mar desaguar...
Agora, sou vagalhão, onda, sal, espuma!
Transmutação mais que perfeita...
Para teu corpo acariciar!


Nadir A. D'Onofrio
Santos - SP - 03/12/2003 - 13:00 hs




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