Nesta crise hedionda que se alastra, Onde a inocência e a corrupção confraternizam Eu não queria voltar a ser criança Sem poder sonhar e vendo ir embora a esperança ! Nossas crianças coitadinhas são abjetas, Ardilosamente contra elas e seus sonhos Cria-se uma situação inaceitável, De antipatia, de repulsão, de desacato. Se "educadas" na alta sociedade Desnudam-se os sonhos muito cedo E, ao contrário, Se à exceção um sonho nasce, É confundido, desbaratado, conturbado... Pois à criança, se defronta a realidade... Num confrontar que lhe desordena ou aliena... Se ela pertence a outra classe conturbada A que se envolve duramente com os conflitos, Que mais se agita, se enfurece ou desvanece, O aprendizado é desviado... É confundido... E, se ela é pobre, miserável, flagelada... Desvirtuada será sempre em seu crescer Condenada, homiziada, amordaçada: Espera sempre um milagre acontecer... Luíza Soares Benício de Moraes Recife - PE - 12/10/1984 |