Bebo o mel de teu corpo
 
Recebi em 23/02/2024


E bebo o mel de teu corpo, entre lençóis
embebidos de luar.
E passando suavemente meus dedos
pelos teus lábios, meu queixo pela nudez
de teu pescoço,
bebo o mel de teu corpo, até ficarmos
satisfeitos.

E meus braços entrelaçados em ti,
escondendo ligeiramente teus seios,
aproximam nossas bocas, desejosas
de roubar o sabor agridoce, do suor
que delas pende, como gotas de
puro orvalho, enquanto eu bebo o
mel do teu corpo.

E escorre o mel de teu corpo, qual
vinho que eu vou beber, alucinado pelo
bater apressado de nossos corações,
que nos excita e incita, noite dentro.

Então uma vez mais bebo o mel de teu
corpo, janelas abertas para o nascer do
sol, que vem chegando e com ele a
satisfação de nos termos inteiramente.

Deitados em nós e em nosso amor sem
pudores (lençóis caídos pelo chão), nossos
corpos nus e libertos, aconchegam-se um
ao outro e de costas para mim, em ninho,
adormecemos ao trinar das primeiras
aves da manhã, pousando na janela...


Jorge Humberto
Santa-Iria-da-Azóia - Portugal - 11/08/2009



*Por decisão do autor, o texto está escrito de acordo com a antiga ortografia.

 
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