O pão do trigo...o mel da cana
Gui Oliva
Nessa ciranda que a justa divisão da terra brada,
vou usar a força da palavra, como enxada
pra revolver as consciências aqui da nossa gente,
como se faz com o húmus quando se prepara
para receber os grãos de mais sementes.
Vou preparar o terreno com o arado
dos meus pensamentos sobre a injustiça
que grassa, tal e qual erva daninha,
neste chão rico, fértil e abençoado.
Não vou dar trégua e, se preciso, uso a foice
para extirpar de vez a ganância que consome,
o ideal de nunca mais testemunhar
homens, mulheres e crianças sofrendo esse açoite,
do flagelo que os condena a passar fome.
Vou semear, neste brado, o meu torrão
com as sementes do amor fraterno,
para que germinem sob o sol da igualdade,
e não permitam mais a injusta divisão
do espaço pátrio,
que impede aos seus filhos a fraternidade.
Sonho os brasileiros, todos, como irmãos!
O suor dessa lida transformo em água pura,
para aguar essa minha semeadura,
não mais permitindo que farsantes,
politiqueiros gananciosos,
governantes, continuem a corromper
com seu cutelo a safra verdejante...
aí, bato o martelo.
Então, chegará o dia da colheita
que será farta, auspiciosa, sem enganos,
e dela surgirá o pão do trigo, o mel da cana,
e suprirá a mesa e os ideais do homem do campo,
que a compartilhará com seus irmãos-homens urbanos!
Santos/SP/2005