Existência


Não cantarei a sorte, nem maldirei a morte
não gritarei Paz
nem direi: homens para trás... não se matem
Não tentarei erigir casa, porque um dia terei asas
e voltarei ao que era...

Não falarei da bomba, nem lamentarei
mais um corpo que tomba;
Não lançarei novas ideias
porque muitas dúvidas virão e novas dúvidas
mais guerras trarão e com novas guerras
muitos idiotas morrerão, com novas mortes
mais pessoas chorarão e se todos morrerem
não haverá ninguém a chorar por ninguém
e tudo virá a ser o que era antes...

Serei talvez o aço que fere
ou a mão que diz espere, a alguém que parte...
terei apenas do dom de ser e não existir
e nada hei de sentir, serei perfeita
porque nada terei feito

Haverá em meu lugar, apenas o vácuo,
imenso, frio, inexistente ao dizer
gritar, onde está você, seu demente?

Glácia Daibert
Uberlândia - MG - 21/07/2006




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